A rede de telefonia fixa perdeu pouco mais de 54% dos subscritores nos últimos seis anos. No período de 2018 a 2022, os números mostram que a área tinha 171.858 utilizadores de telefones fixos passando para os 93.968, o que significa que 77.890 empresas e pessoas deixaram de usar os serviços anteriormente instalados, cenário que contrasta com o quadro das comunicações móveis que vão ganhando pujança ano após ano, num mercado liderado pela Unitel.
Dados do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM) apontam que a rede de telefonia fixa é liderada pelo operador TV Cabo com 45% da quota do mercado, equivalente a 42 mil subscritores. Os 55% são divididos entre a MS Telcom com 36% , pouco mais de 33 mil utilizadores, depois a estatal Angola Telecom com 17% com quase 16 mil subscrições e a Startel com 2% que representa 1.879 ligações.
O director geral da Paratus, Francisco Leite, considera que a perda de clientes da rede fixa apresenta-se como uma tendência natural, uma vez que os ope radores deixaram de investir na telefonia fixa, que era o seu core business, e passaram a focar na conectividade, por exemplo.
“O aumento de plataformas de comunicação móveis e a convergência dos serviços aumenta a preponderância da mobilidade”, disse. Por sua vez, o engenheiro de Electromecânica Kleber da Cruz considera que este quadro de menos clientes na rede fixa deve-se um pouco à falta de credibilidade nestes serviços pela instabilidade do sinal causada pelo roubo constante dos cabos de cobre, que representam 90% da infra-estrutura e a sua falta de material para reposição imediata.
“A instabilidade da rede e as novas tecnologias levam os clientes à procura de alternativas mais sólidas”, referiu, ao acrescentar que a Angola Telecom, por exemplo, iniciou um processo de descontinuidade da rede fixa, principalmente em Luanda. Conforme o engenheiro, a nível das províncias, a Angola Telecom ainda tem fornecido serviços de telefonia para alguns clientes residenciais e empresariais.
Expansão , 22/02/2023