Galp conclui primeira etapa do projeto petrolífero na Namíbia admitindo potencial “importante descoberta comercial”

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Projeto da Galp na Namíbia pode albergar mais de 10 mil milhões de barris de petróleo. Primeira etapa de exploração do campo Mopane foi concluída, com a empresa portuguesa a concluir que há “colunas significativas de petróleo leve”, em reservatórios de “elevada qualidade”

A Galp comunicou este domingo ao mercado a conclusão da primeira etapa da sua campanha de exploração petrolífera na Namíbia, onde em janeiro já havia revelado indícios promissores de petróleo. E no comunicado agora enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a empresa portuguesa reforça a sua confiança no desenvolvimento deste projeto, sublinhando que os os fluxos alcançados nos poços de teste “posicionam potencialmente o [campo] Mopane como uma importante descoberta comercial”.

Na indústria petrolífera são muitos os projetos que passam pela fase de prospeção e pelas subsequentes campanhas de exploração. Mas nem todos os campos que são alvo de estudos sísmicos e de perfurações se revelam comercialmente viáveis – acabando por ser abandonados pelos consórcios que obtiveram as concessões de prospeção e exploração.

O projeto da Namíbia, todavia, tem vindo a apresentar vários sinais promissores de que poderá vir a converter-se, de facto, num projeto comercial, alimentando o fluxo de receitas da Galp durante vários anos.

A Galp lidera o consórcio que explora o campo Mopane, com uma participação de 80% (a Namcor e a Custos têm, cada uma, uma posição de 10%).

Em janeiro a Galp já havia comunicado “colunas significativas contendo petróleo leve” em reservatórios de “elevada qualidade” na área Mopane-1X. A plataforma que tem realizado esta campanha foi deslocada depois para a área Mopane-2X, onde em março voltou a encontrar “colunas significativas de petróleo leve”, com níveis de pressão idênticos, mas a oito quilómetros de distância, o que, segundo a Galp, confirma a extensão lateral deste reservatório.

No comunicado enviado este domingo à CMVM, a Galp nota que os registos dos reservatórios já perfurados “confirmam boas porosidades, elevadas pressões e elevadas permeabilidades”. Além disso, as amostras extraídas nas perfurações feitas nos últimos meses revelam uma baixa viscosidade e concentrações reduzidas de dióxido de carbono e sulfeto de hidrogénio.

A Galp indica que os fluxos nos poços de teste alcançaram os níveis máximos permitidos para esta campanha, de 14 mil barris por dia.

A petrolífera portuguesa reitera, no comunicado agora divulgado, a estimativa já avançada de que o campo de Mopane poderá albergar mais de 10 mil milhões de barris de petróleo.

“Todos os dados da campanha de perfuração de Mopane serão analisados e integrados num modelo atualizado do reservatório. O modelo servirá de base para refinar o plano de perfuração de curto prazo da Galp, para continuar a explorar, avaliar e desenvolver o complexo mais alargado de Mopane”, acrescenta a Galp.

A Namíbia é uma das regiões mais promissoras para a Galp e outras petrolíferas, podendo nos próximos anos acrescentar uma nova fonte de receitas aos resultados da empresa portuguesa, cujos ganhos na exploração e produção de petróleo e gás vêm hoje sobretudo do Brasil, embora Moçambique comece também a ter alguma expressão.

A Galp já admitiu que deverá lançar um processo de angariação de outros investidores para os projetos na Namíbia, dada a sua escala, mas tal só acontecerá depois de consolidar as avaliações e estudos que estão em curso sobre a viabilidade comercial de Mopane.

Expresso, 22/04/2024