Preços do Cacau atingem 10.000 dólares pela primeira vez na sua história

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A cotação desta “commodity” agrícola continua a disparar e já sobe 138% desde o início do ano. As fortes chuvas, o vento seco e a doença da vagem preta têm estado a penalizar as colheitas.

Os preços do cacau não param de subir. Os contratos de futuros para entrega em maio seguem a ganhar 3,9% para 10.030 dólares por tonelada, naquele que é um novo máximo histórico – e a primeira vez que esta matéria-prima agrícola negoceia na casa dos 10.000 dólares. No acumulado do ano, as cotações já somam 138%.

A contribuir para este cenário estão vários fatores: as difíceis condições meteorológicas e as doenças que atacam os cacaueiros têm estado a afetar as colheitas na África Ocidental – que produz cerca de 70% do cacau mundial.

Os dois maiores produtores mundiais, Costa do Marfim e Gana, foram recentemente atingidos por uma conjugação de fortes chuvas, alternadas com tempo seco, e doenças, sublinha a CNBC. A doença da vagem preta propagou-se a muitos cacaueiros destes dois países, afetando assim as colheitas, segundo a Organização Internacional do Cacau. Além disso, as más condições das estradas, num contexto de muita chuva, tornaram ainda mais difícil fazer chegar os grãos disponíveis aos portos.

Com tudo isto, a valorização do cacau tem sido estonteante. Em inícios de fevereiro, os preços estavam em máximos de 46 anos, nos 4.966 dólares por tonelada. Agora já estão no dobro do valor – e já estão mais caros do que o cobre, um metal industrial que funciona como indicador avançado da saúde da economia.

Esta “commodity” tem, assim, estado a ser especialmente sustentada pelos receios de que as colheitas (e respetivas exportações) na Costa do Marfim e Gana possam ser inferiores ao esperado – isto numa altura em que o mercado se prepara para um terceiro défice global sucessivo na atual campanha agrícola de 2023/24.

Os ventos secos e poeirentos (o chamado Harmatão) poderão também penalizar de uma forma geral as colheitas na África Ocidental, que começam em abril, sublinhou recentemente o Commerzbank num “research”.

Jornal de Negócios, 27/03/2024