O Presidente angolano disse hoje, em Luanda, que “os dinheiros públicos são para ser bem gastos, criticando o empreiteiro da obra do novo Hospital Geral de Luanda, hoje inaugurado, por solicitar um valor adicional “muito acima” do contrato.
João Lourenço manifestou a insatisfação, quando falava à imprensa, no final da cerimónia de inauguração do referido hospital, localizado no município de Viana, orçado em 125,5 milhões de euros.
O chefe de Estado angolano referiu que não há reclamações quanto à qualidade da obra ou dos equipamentos instalados, expressando o seu desagrado e lembrando que os contratos “são para ser respeitados”.
“E o que nós estamos a verificar, o que estamos a viver neste momento agora, é que os contratos com esta empresa não estão a ser respeitados – não do ponto de vista de qualidade ou de cumprimento de prazos de execução – mas porque está-nos a ser solicitado um valor adicional muito acima daquele que foi contratualizado”, esclareceu.
Segundo João Lourenço, o valor adicional solicitado é “tão alto que dá para construir e equipar um hospital de raiz”.
“É evidente que Angola não pode aceitar isso, uma vez que isso não aconteceu com mais ninguém e isso não vai acontecer agora, porque nós não vamos deixar”, afirmou.
O chefe de Estado angolano realçou que há muitos mais hospitais gerais por construir, nas províncias do Huambo (Bailundo), Lunda Norte (Dundo) e Malanje, Cuando Cubango (Mavinga) e Moxico (Cazombo).
“Estamos de sobreaviso, atentos à necessidade de defendermos os nossos interesses. Os dinheiros públicos são para ser bem gastos, temos contas a ajustar perante os nossos contribuintes, temos que saber justificar a forma como os dinheiros são gastos”, frisou.
O Presidente angolano salientou que o país está “numa economia de mercado em que as opções são inúmeras” e sem necessidade de “ficar agarrado necessariamente a alguém em concreto [porque] o mercado ditará as melhores soluções para as unidades que ainda estão por ser construídas”.
De acordo com o chefe de Estado angolano, o executivo está a conseguir aplicar o amplo programa de construção, reconstrução e reabilitação de unidades hospitalares nos níveis primário, secundário e terciário, apesar das dificuldades financeiras, rejeitando a ideia de que se está apenas a construir hospitais de mais de 200 camas, porque só esses são inaugurados pelo Presidente.
Além das infraestruturas, João Lourenço disse que o Estado também está a admitir anualmente, por via de concurso público, médicos e enfermeiros, bem como técnicos de diagnóstico e a dar formação nos hospitais de referência.
O Hospital Geral de Viana “Bispo Emílio de Carvalho”, localizado no distrito urbano do Zango, Viana, tem capacidade para 356 camas, metade das quais reservadas à pediatria, e foi construído em três anos.
Lusa, 04/12/2024