“Padaria dos Papas” encerrou devido ao turismo e à falta de ajuda. Francisco não quis pão feito só para ele

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Esta padaria considerada “icónica”, repleta de história, encerrou esta terça-feira. O estabelecimento histórico cozeu pães para os papas fielmente durante 90 anos, desde 1930.

Angelo Arrigoni fechou esta terça-feira o forno do estabelecimento histórico que cozia pão para os Papas há cerca de noventa anos, no bairro Borgo Pio, devido ao aumento do turismo e à falta de ajuda do governo de Roma, de acordo com o jornal El País. 

Esta padaria considerada “icónica”, repleta de história e cultura encerrou e marcou o fim de uma era que se estendeu por nove décadas. A padaria despediu-se dos clientes e turistas que admiravam a maneira como o estabelecimento serviu os papas durante estes anos.

Em 1930, quando o pai de Arrigoni abriu a padaria, o Papa Pio XI (1922-1939) tinha receio de ser envenenado, portanto as entregas dos pães tinham de ser feitas com especial prudência. Só havia duas chaves para a arca que era transportada para o Vaticano: uma estava na posse do avô de Arrigoni e a outra estava guardada nos aposentos papais – a caixa era sempre aberta à frente do Sumo Pontífice, ou seja, do Papa.

Com 79 anos, Angelo Arrigoni recordou com emoção e nostalgia a primeira vez que, quando era criança, fez a sua primeira entrega de pão ao Papa João XXIII no palácio.

Para tentar impedir o fecho da padaria, Angelo Arrigoni alega que pediu ajuda ao município de Roma, mas sem sucesso. O padeiro justificou que este encerramento se deve ao turismo e conta que “já quase ninguém mora no bairro e só existem hotéis e pousadas”, acrescentando que “depois da Covid-19 e com o aumento dos preços da energia, um forno artesanal que consome muito está a dar prejuízo”.

Após o Papa Pio XI em 1930, os que se seguiram também tomaram proveito da padaria incluindo o Papa Pio XII, o Papa João XXIII, o Papa Paulo VI, o Papa João Paulo I, o Papa João Paulo II e o papa Bento XVI. Quando chegou a vez do Papa Francisco este afirmou que “não queria pão feito especialmente para ele”.

Observador , 14/07/2023