O Banco Nacional de Angola (BNA) apenas conseguiu colocar 40% de um total de 500 milhões de dólares das Obrigações do Tesouro em moeda estrangeira disponibilizadas pela primeira vez via mercado secundário gerido pela Bolsa de dívida e valores de Angola Bodiva. O principal interessado neste tipo de activo foram os bancos comerciais que são os principais investidores na Bolsa de Valores. Não foi possível apurar a quantidade adquirida por cada um dos bancos mas de acordo com o BNA foi negociado um volume de títulos correspondente a 202 milhões USD resultando, por conseguinte numa absorção em moeda nacional de cerca de 101 mil milhões Kz.
As Obrigações do Tesouro em moeda Estrangeira (OTME) que foram negociadas pela primeira vez por via da plataforma da Bodiva faziam parte da carteira do BNA e os investidores interessados pagaram ao BNA em kwanzas, mas na maturidade vão receber o pagamento em dólares.
Alguns especialistas ouvidos pelo Expansão esclarecem que a estabilidade da taxa de câmbio e o facto de os bancos terem já um portefólio elevado de moeda estrangeira estão na base para a baixa colocação destas obrigações. “Simplesmente não foi atractivo porque não compensa em termos de posição cambial. A compra daqueles activos não faria parte da posição cambial, o que para os bancos não faz sentido”, revela o economista Mateus Maquiadi. Também o economista Wilson Chimoco diz que a regulamentação não permite que estes activos façam parte da posição cambial dos bancos, o que desmotiva a procura.
E acrescenta que hoje os bancos estão a comprar no mercado secundário Eurobonds emitidas pelo Estado angolano e a colocá-los nos seus balanços. “Têm maior rentabilidade e o mesmo risco emitente”, admite.
No inicio de Novembro do ano passado, o BNA anunciou a operação explicando que as OTME estariam disponíveis por um período de três dias para negociação via Plataforma da Bloomberg, podendo ser negociadas modalidades de pagamento contemplando recursos aplicados em operações de mercado aberto.
“O pagamento deve ser feito em moeda nacional, permitindo assim aos bancos comerciais o desenvolvimento e oferta de produtos de gestão de risco cambial aos seus clientes”, lia-se no comunicado. Para concretizar as operações foram realizados leilões de quantidades na plataforma Bloomberg AUPD, nos dias 03 de 04 de Novembro, à taxa média de câmbio de abertura nas referidas datas.
Os restantes títulos foram directamente vendidos ao público através da Plataforma da Bodiva (Bolsa de Dívida e Valores de Angola) a partir do dia 7 de Novembro de 2022.
Expansão , 02/06/2023