Depois de ter concluído os estudos técnicos para avaliar o potencial diamantífero nos quase 20.000 quilómetros quadrados de duas concessões na Lunda Sul e Norte, a De Beers já avançou para a fase de prospecção, apurou o Expansão junto de fonte do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (MIREMPET).
“Neste momento, as actividades no terreno estão em velocidade de cruzeiro”, garantiu. “As licenças de prospecção também já foram emitidas. Têm uma validade de dois anos, mas esperamos que a exploração possa arrancar antes do fim desse prazo. É também a expectativa da empresa”, explicou a fonte do Expansão.
Do ano passado até agora, os estudos e a prospecção de depósitos primários de diamantes foram efectuados em dois locais: a primeira concessão diz respeito a uma área de 9.984 quilómetros quadrados, que inclui os municípios de Saurimo, Dala e Muconda, na província da Lunda Sul, enquanto o segundo contrato inclui uma área de 9.701 quilómetros quadrados nos municípios de Chitato, Lucapa e Cambulo, na Lunda Norte.
A reentrada da De Beers em Angola significou também a criação, nos dias 2 e 4 de Agosto de 2022, de duas novas entidades, a De Beers Angola Lunda Sul e De Beers Angola Lunda Norte, respectivamente. A constituição das duas empresas coloca a De Beers com 90% do capital e a Endiama com 10%, tal como foi explicado durante o evento do ano passado. Os acordos têm uma validade de 35 anos e a participação da empresa pública pode crescer, no futuro, até aos 20%.
Até à fase de exploração, o investimento deve rondar os 30 milhões USD. “Em função dos resultados obtidos na fase de prospecção, vamos decidir se construímos uma pequena, média ou grande mina de exploração de diamantes”, explicou no ano passado o CEO da De Beers, Bruce Cleaver, em entrevista ao Expansão.
Avanços e recuos
O anúncio das novas concessões aconteceu no dia 20 de Abril de 2022, há precisamente um ano, num encontro marcado pela pompa e circunstância que também serviu para assinalar o fim do “conflito” entre Governo e a De Beers. A De Beers praticamente abandonou o País em 2012, apesar de ter mantido um pequeno escritório de representação em Luanda. Em 2018, o Governo contactou directamente a empresa e convidou a multinacional a regressar aos investimentos em Angola. Actualmente, a empresa detém operações de exploração de diamantes em 35 países, quase todos africanos, incluindo Namíbia, Botswana, África do Sul ou Serra Leoa. Fora do continente africano está presente no Canadá.
“Angola trabalhou arduamente nos últimos anos para criar um ambiente de investimento estável e atractivo. Estamos satisfeitos por regressar à exploração activa no País”, disse Bruce Cleaver ao Expansão em Abril de 2022. “Um dos elementos fundamentais para a De Beers é a segurança jurídica e os direitos sobre os investimentos que promovemos. As jurisdições que estão constantemente a mudar as regras são um problema para nós”, sublinhou o gestor, que garantiu estar “completamente seguro” sobre as duas parcerias firmadas com a Endiama.
“Nós também somos membros da Iniciativa de Transparência da Indústria Extractiva (EITI – Extractive Industry Transparency Initiative, em inglês) e ficamos satisfeitos por Angola estar a concluir o processo de adesão”, referiu o CEO da De Beers. “Neste momento não temos nada a esconder”, garantiu Bruce Cleaver, que afirmou estar preparado para declarar publicamente todos os valores envolvidos no investimento, quem são os parceiros, quais os impactos provocados a nível local e outras informações essenciais.
Expansão , 25/04/2023