A perfuração do primeiro poço petrolífero em terra (onshore) da Sonangol, em Luanda, inicia dentro de uma semana, período previsto para a conclusão da instalação da sonda perfuradora, anunciou hoje a petrolífera estatal angolana.
A instalação, que se encontra a 95% de execução física, marca a reactivação da produção de petróleo e gás natural na Bacia Terrestre do Kwanza, situada na comuna de Cabo Ledo, município de Quissama, província de Luanda.
A retoma da exploração do crude no denominado “Poço Tobias-13” (Spude date) surge 27 anos depois da desactivação das operações petrolíferas no Bloco KON-11, que se encontra inactiva desde 1996.
Fruto da reactivação da actividade petrolífera nessa localidade, estima-se que no reservatório desse Poço tenha 66 milhões de barris de petróleo leve, numa profundidade de cerca de 750 metros, segundo o presidente da Comissão Executiva (PCE) da Unidade de Negócios, Exploração e Produção da Sonangol, Ricardo Van-Deste.
Em declarações à imprensa, no final de uma visita de campo, orientada pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (MIREMPET), Diamantino Azevedo, o PCE destacou que pelo menos dez milhões de dólares serão necessários para investir na operação desse reservatório, um montante que servirá para custear todos os serviços da plataforma e a parte logística.
De acordo com o responsável, a perfuração do Tobias-13 tem como finalidade testar o potencial deste reservatório, que vai relançar a actividade de exploração e produção em onshore da Sonangol.
Com base nos resultados desse poço, avançou, vai seguir-se o processo de avaliação do conceito de desenvolvimento, bem como dimensionar as instalações de produção.
Referiu que o reinício das operações no Tobias enquadra-se na estratégia de exploração e produção da Sonangol, a ser desenvolvido até 2027.
Afirmou que essa estratégia inclui, igualmente, a valorização e o desenvolvimento do capital humano, sendo que a operação do poço vai servir de oportunidade para os técnicos juniores e seniores nacionais desenvolverem as actividades de avaliação e planificação do reservatório.
Por sua vez, o presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Sebastião Martins, disse que, caso a perfuração do Tobias tenha resultados positivos, a petrolífera poderá aumentar a sua capacidade de produção de petróleo e gás para o país.
Segundo o gestor, todas as condições humanas e logísticas estão criadas para o início da perfuração, dentro de uma semana, faltando apenas ensaiar ou testar alguns equipamentos.
Considerou que perfurar em terra é muito mais barato do que no mar, em função da especificidade de cada operação.
Para Sebastião Martins, a perfuração do Tobias representa uma contribuição valiosa no relançamento da produção petrolífera em onshore em Angola, facto que irá dinamizar e mobilizar operações conexas, dando oportunidade de trabalho aos mais jovens.
Quanto à protecção do meio ambiente, referiu que antes do início das operações nessa localidade, fez-se o estudo de impacto ambiental, para que se evite danos ao Parque de Quissama.
“Sempre que se realiza uma operação numa determinada zona, a Sonangol cria as condições necessárias para garantir a protecção do meio ambiente”, esclareceu.
Assegurou que, para além do Poço Tobias-13, instalada numa área de trabalho de 100 metros quadrados, a Sonangol também já está a preparar um segundo reservatório na mesma localidade, para explorar petróleo e gás em terra.
Situado a cerca de 120 quilómetros do centro da cidade capital de Angola, o Bloco KON11 da Bacia Terrestre do Kwanza encontra-se numa área de mil e 49 quilómetros quadrados.
Para além da Sonangol Pesquisa e Produção (30%), na qualidade de operador, o consórcio responsável pela execução das operações desse Bloco é constituído pelas empresas Brites Oil & Gás, com 25%, Grupo Simples Oil e Atlas Petroleum Exploration Worldwide, que detêm 20% cada, assim como a Ómega Risk Solutions Angola, com 5%, respectivamente.
Até ao momento, a produção petrolífera da Sonangol é feita, maioritariamente, em águas rasas e profundas, offshore, uma operação que acarreta mais custos na produção, comparativamente ao onshore.
Angop, 09/01/2023