Pelo terceiro mês consecutivo, os cidadãos na província de Luanda têm encontrado várias dificuldades para encontrar dinheiro nas caixas automática (ATM), sobretudo no final e princípio do mês. Os multicaixa, que por vezes têm valores, registam grandes enchentes e em menos de cinco horas o dinheiro acaba nos ATM, constatou o Novo Jornal.
Há pessoas a madrugarem nas ruas de Luanda para encontrarem multicaixas com dinheiro e até papel, visto que as inscrições na universidade pública, assim como nos institutos médios, já começaram e há a necessidade do pagamento ao Estado (RUPE).
A empresa que gere o serviço dos multicaixa, a EMIS, assim como o Banco Nacional de Angola (BNA), face a essas dificuldades que os cidadãos enfrentam, continuam em silêncio.
Ao Novo Jornal vários cidadãos contaram que, atendendo à situação da escassez de dinheiro nos multicaixas, já é tempo de o Governo se pronunciar sobre o assunto.
“Deve haver uma explicação do Governo, por que assim não dá. Até agora ninguém diz nada, mas afinal o que se está a passar com os kwanzas?”, interrogam-se as pessoas com quem o Novo Jornal conversou esta quinta-feira, 03, em diversos pontos.
Se antes, levantar dinheiro era apenas difícil nas zonas suburbanas e ao final-de-semana, agora o cenário é completamente diferente.
O Novo Jornal constatou que desde há três semanas que os bancos e caixas automáticas têm registado grandes enchentes quando o assunto é fazer levantamentos de valores.
Nos ATM, a única coisa que se pode fazer sem dificuldade até agora são as consultas de saldo, e as transferências sem precisar de papéis.
Nem mesmo no famoso multicaixa do Banco Sol, na Maianga, onde existem nove ATM, há dinheiro, para o espanto de muitos cidadãos que aí se deslocam.
Entretanto, soube o Novo Jornal que nos últimos dias muitos utentes se vêem obrigados a madrugar para tentar encontrar na zona baixa de Luanda um ATM com dinheiro, mas há sempre longas filas.
Sebastião Adão, com quem o Novo Jornal conversou junto de um ATM, no distrito urbano da Maianga, diz que acordou por voltas das 5:00 da manhã e até às 10:00 desta quinta-feira ainda não tinha encontrado um multicaixa com dinheiro.
Em Viana e no Cazenga, dois dos municípios mais populosos de Luanda, há três semanas que os munícipes reclamam da dificuldade de encontrar valores nos ATM e queixam-se das constantes falhas de sistema nos balcões e nos multicaixas.
Por cenário idêntico passam os munícipes do Sambizanga, Kilamba Kiaxi, Cacuaco, Talatona e Luanda.
Vários cidadãos desconfiam que a falha de sistema constante nos bancos, nos últimos dias, seja por falta ou escassez de kwanzas para atender à procura dos utentes.
Por outro lado, os cidadãos denunciam também que há bancos, sobretudo nas zonas suburbanas, que não colocam dinheiro nos ATM há várias semanas e alegam falta de dinheiro e de sistema.
Por exemplo, no ATM do banco Sol no Tala-Hady, no Cazenga, há quase um mês que não há dinheiro, garantem os munícipes. Situação idêntica tem-se verificado nos ATM de várias dependências dos bancos Económico, BAI e BPC.
Alguma coisa anormal está a acontecer nesta cidade”, desabafa o cidadão Orlando Luís, comerciante com quem o Novo Jornal conversou.
Sobre este assunto, o Novo Jornal contactou a Empresa Interbancária de Serviços (EMIS), para o devido esclarecimento, no mês passado, no entanto, uma fonte da instituição assegurou que é responsabilidade dos bancos efectuarem os carregamentos dos ATM e que a instituição nada tem a ver com as longas filas que se verificam nos multicaixas.
O Novo Jornal também procurou ouvir o Banco Nacional de Angola (BNA), mas sem sucesso.
Novo Jornal, 08/03/2023