Companhia exporta para os EUA ao abrigo do AGOA

Imagem: DR

Vinte e cinco toneladas de produtos alimentares foram, quinta-feira, exportados oficialmente de Angola para os Estados Unidos, ao abrigo da Lei sobre o Crescimento de Oportunidades para África (AGOA), um instrumento legal norte-americano que torna os países africanos elegíveis para um regime de comércio preferencial aquele país.

Avaliada em mais de 17 milhões de kwanzas, a mercadoria da empresa nacional Food Care Processamento de Alimentos deve chegar a solo norte-americano no próximo mês de Novembro, com as operações financiadas pelo Programa de Comércio e Investimento na África Austral (ATI) e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que facilita a exportação isenta de taxas aduaneiras de produtos.

Entre os produtos enviados no primeiro carregamento, feito num contentor de 40 pés, constam a fuba de bombó e de milho, manteiga de amendoim, kisaka, catato e cogumelos, todos eles alimentos processados da marca Mavu, em cujos rótulos são identificados em línguas nacionais e inglês.

Marlene José, presidente executiva da Food Care, disse que a exportação foi possível devido às certificações que os produtos obtiveram na sequência de um conjunto de formações gratuitas, feitas principalmente, nos Estados Unidos e África do Sul, promovidas pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

A ministra conselheira da Embaixada dos Estados Unidos em Angola e em São Tomé considerou, no acto que oficializou a exportação, que a operação reveste-se de capital importância por ser a primeira de muitas que vão beneficiar empresas angolanas.

Falando na cerimónia que marca o início da exportação de produtos alimentares através do AGOA, realizada no Centro Logístico e Distribuição (CLOD), Mea Arnold disse tratar-se de uma acção que visa promover a diversificação económica através do comércio.

Altos padrões de produção

A ministra conselheira da Embaixada dos Estados Unidos disse que a exportação de mercadorias no âmbito da lei norte-americana visa o desenvolvimento do sector agrícola e do agronegócio, com o apoio às empresas na obtenção dos padrões mais elevados e da consistência necessária para exportar com sucesso para os Estados Unidos.

“É um marco e uma nova era comercial entre o empresariado angolano do sector alimentar e os EUA, na medida em que o mercado norte-americano está aberto aos interessados, desde que estejam à altura das exigências”, disse, acrescentando que esse tipo de parcerias ajuda a reforçar a posição das empresas e aumentar a concorrência no mercado, “pois vai ajudar a conectar com os compradores americanos”.

Manifestou o desejo de ver aumentar as exportações de Angola para os Estados Unidos, com a promoção da diversificação da economia através do comércio e o investimento no sector agro-industrial.

“Chegou o momento de aumentar as exportações, pois são ainda muito reduzidas. O comércio entre Angola e os EUA têm um papel significativo nas duas economias, mas pautam-se muito no domínio do petróleo bruto, diamantes, gás e petróleo”, notou.

Bruno Baptista, em representação da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX), realçou, o facto como uma oportunidade para que o empresariado angolano diversifique o seu mercado, seja reconhecido internacionalmente e obtenha uma carteira de negócios em divisas. “São essas oportunidades que os nossos empresários e investidores nacionais devem abraçar”, declaoiu.

Holandeses preparam certificação  de remessas de frutos processados

Representantes holandeses asseguram formação e equipamento laboratorial a Angola, para viabilizar a exportação de frutos para o país europeu, no quadro de operações que envolvem produtores da região Centro, logística de transportes dos Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB) e a certificação institucional.

Estas garantias foram apresentadas por representantes holandeses numa reunião realizada na última segunda-feira, em Luanda, com a directora nacional do Comércio Externo, Augusta Fortes, e o do Instituto Nacional de Controlo da Qualidade (Inacoq), José Alberto Sofia, de acordo com uma nota quarta-feira emitida por estes serviços.

Os holandeses manifestaram interesse em ajudar na formação de técnicos do Inacoq e no fornecimento de equipamentos para melhorar a capacidade das análises laboratoriais, depois de terem obtido informações sobre os procedimentos vigentes para a exportação de alimentos.

A iminente exportação de bens alimentares agrícolas para a Holanda foi noticiada no começo de Agosto, quando o ministro conselheiro da Embaixada em Angola, Paul Ederer, esteve no Porto do Lobito a verificar as condições para atender os fluxos da produção em curso na Caála, Huambo, onde está a ser implantado um centro logístico de capitais mistos angolanos e holandeses.

Paul Ederer encontrou-se com a liderança do Porto do Lobito para discutir questões relacionadas com a conservação e a restante logística de transporte, sobretudo, no terminal de contentores de frio.

A operação consiste na iminente construção, na Caála, de um Centro Logístico para transformação, embalagem e armazenamento de produtos locais, com as primeiras exportações previstas para dentro de um ano.

Para os fornecimentos, o centro vai ter ligações com um grande número de produtores da Caála, tendo identificadas fazendas que podem produzir para  operação que conta consumar as primeiras remessas de abacate, manga e banana no decurso do próximo ano.

Jornal de Angola, 22/09/2023