Britânicos da Corcel PLC ficam com 90% do capital da angolana Atlas Petroleum

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Com a entrada na estrutura accionista, a empresa listada na Bolsa de Londres torna-se parceira da Sonangol nos dois blocos onshore que a petrolífera estatal opera e que adquiriu em Abril em negociação directa.

A Corcel PLC, empresa com sede no Reino unido e listada na Bolsa de Valores de Londres aumentou o seu portefólio no sector de petróleo e gás com a entrada no capital da petrolífera angolana Atlas Petroleum. Com a venda de 90% da participação da Atlas Petroleum, a empresa angolana foi integrada como subsidiária da Corcel PLC mas continua a ser a dona das participações de 20% e 25% respectivamente nos Bloco KON11 e KON 12 dos onshore operados pela Sonangol.

A Atlas, enquanto subsidiária da Corcel, continua a ser a operadora do Bloco KON 16 adquirido em Abril deste ano em negociação directa à ANPG após a licitação dos blocos onshore da Bacia do Kwanza e do Baixo Congo.

De acordo com o prospecto enviado aos investidores a que o Expansão teve acesso, a Corcel vai precisar de 6,4 milhões de USD para a exploração e perfuração de pelo menos um poço em cada um dos três blocos em que agora tem participação.

A Corcel anunciou que espera iniciar a produção de petróleo no Bloco Kon11 operado pela Sonangol nos próximos 12 meses já que o arranque da exploração no bloco Kon11 arrancou em Agosto deste ano e teve o ponto mais alto a exploração do poço Tobias 13, anteriormente operado pela Fina e encerrado há 21 anos.

O anúncio do início da perfuração do poço Tobias 13 permitiu a valorização das acções da empresa com sede em Londres na ordem de 64% nos últimos 10 dias. No período acima referido, as acções da Corcel saíram de 0,25 cêntimos de libras por acção a 5 de Setembro, data de anúncio do arranque perfuração do poço Tobias13, para 0,41 cêntimos de libra por acção na última quarta-feira.

O poço Tobias 13 que começou a ser perfurado a 50 metros do poço Tobias, que foi encerrado pelo antigo operador, a Fina, há mais de 21 anos. Estima-se que o Bloco Kon11 ainda tenha quantidades de petróleo comercial pois é um campo maduro que já tinha produção, mas que foi encerrado porque a sua dimensão não justificava o investimento de grandes operadoras que tem preferência por activos com maiores volumes de produção.

Aliás, o “novo” Tobias pode marcar o início da produção já em 2024, três anos antes de expirar a licença de exploração, que termina em 2027. “O início da perfuração na nossa área angolana é um marco muito significativo para a empresa e estou ansioso para actualizar os nossos accionistas à medida que avançarmos no programa de trabalho com os nossos parceiros”, disse o presidente da Corcel, Antoine Karam em nota de imprensa publicada no site da empresa.

A Corcel PLC foi fundada em 2004 e inicialmente actuava nas áreas de exploração mineiras com destaque para terras raras e outros materiais de baterias na Austrália. Em 2005, a empresa é listada na Bolsa de Valores de Londres, a quinta maior Bolsa de Valores do Mundo. Com a aquisição de activos petrolíferos no onshore de Angola na Bacia do Kwanza e no onshore no Brasil, o sector petrolífero passou a ser a principal área de negócios da empresa britânica que tem como chairman Antoine Karam, um antigo profissional de banca de investimento do Banco americano Merrill Linch.

Fazem ainda parte do Conselho de Administração como não executivo da Corcel PLC, Yan Zhao um ex quadro da petrolífera anglo-holandesa Shell onde foi responsável pela parte financeira. E Ewen Esmworth um quadro com mais de 30 anos na área de minas. Entre os administradores executivos destaca-se a advogada angolana

Geraldine Geraldo que passa a ser a directora geral da Corcel para Angola e directora de operações da empresa. Geraldine Geraldo começou a sua carreira como advogada na Chevron e integrou os quadros que em representação das operadoras Totalenergies, ENI,BP, Chevron e Exxon Mobil integraram a task force criada pelo Presidente da República para junto do Governo negociarem um pacote de medidas que resultou nalgumas reformas legais consideradas cruciais para tornar o sector petrolífero angolano mais atraente para investimentos.

O CEO da Corcel é James Parsons apresentado pela empresa num prospecto para investidores como um quadro com mais de 20 anos de experiencia na gestão de empresas internacionais.

De acordo com informação divulgada no site da empresa os accionistas da Corcel são a Extraction SARL (maioritário), uma empresa do chairman que tem uma participação de 20,65%, e a angolana Atlas Petroleum, que passa a ser a segunda maior accionista da Corcel com uma participação de 17,58%. Segue-se o NPC group com 11,40%, a Align Research com 5,48% e por fim vários pequenos accionistas que detém juntos uma participação de 44,90%.

Pouco se sabe sobre os accionistas da Atlas Petroleum mas segundo fontes ligadas à empresa tratam-se de antigos quadros angolanos da petrolífera americana Chevron. A parceria entre a Corcel e a Atlas petroleum é encarada por especialistas como um mecanismo encontrado pela empresa angolana para conseguir os fundos que necessita junto de bancos e investidores internacionais para avançar com a exploração de petróleo nos blocos petrolíferos que fazem parte do activo da empresa.

A escolha do bloco KON 11 como o primeiro a ser explorado é justificada pela existência de petróleo neste bloco que uma vez explorado pode gerar fundos para financiar não apenas os cash calls no referido bloco, mas para conseguir capital adicional para investir noutros blocos já que a quota-parte de petróleo da empresa será exportada pela mesma.

Expansão , 19/09/2023