Banco Económico deve ‘desaparecer’ do mercado após pagamento de dívida junto do regulador

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O Banco Nacional de Angola (BNA) tem ’em mão’ um plano de liquidação do Banco Económico que só vai executar tão logo o ex-BESA tiver resolvido a situação de dívida que a mesma ainda tem junto do regulador, num ‘esquema’ de repasse de dívidas que envolve a seguradora estatal ENSA.

A operar a ‘meio-gás’, o banco que surge das ‘cinzas’ do Banco Espírito Santo Angola (BESA) deve conhecer o seu fim de actividade após concluir o pagamento da dívida ou vir a apresentar uma solução que salvaguarde os interesses do banco central e que não arraste outros players do mercado consigo na queda, conforme contou a fonte do BNA, citando o draft de uma acção já elaborada pelo regulador do mercado bancário doméstico.

Trata-se de uma dívida que deveria ter sido paga pela Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA) que entrou no resgate do BESA em 2016. Como o BE devia dinheiro ao BNA, entregou como dação em pagamento os créditos que tinha sobre o Grupo ENSA. Assim, e como o grupo nunca pagou, o BNA reverteu a operação em 2020 e o Económico passou a ser o devedor.

De acordo com uma fonte da alta finança vinculada a um grande banco, quem está a arrastar o processo do Económico é próprio banco central. “A administração do BNA e o Governo entendem que, primeiro, tem de se recuperar o valor ou parte dele para se colocar fim às operações deste ‘gigante de pés-de-barro’”, ironizou o gestor.

Aliás, há muito que o banco deixou de operar como uma verdadeira instituição financeira bancária. Só para termos uma ideia, até hoje, 17 de Agosto, o banco gerido por Victor Manuel de Faria Cardoso, CEO que chegou ao cargo na sequência da desistência de Carlos Duarte, não tem as contas de balanço divulgadas.

O Primeira Página sabe que, quando forem publicadas as contas do exercício financeiro 2022, o banco acabará com o maior prejuízo dos últimos cinco anos da banca nacional. Ou seja, o banco não tem operações para dar resultados aos seus donos, que são depositantes que se juntaram e formaram um fundo de investimento para dar suporte às operações daquele banco.

Só no primeiro semestre, para além do processo de redimensionamento da empresa, que implicou despedimentos de pessoal, vários outros colaboradores abandonaram o banco por livre iniciativa.

Fontes do banco acreditam que o ex-BESA já esteja falido, e que só está a trabalhar em modo hibernação devido aos compromissos deste com outros congéneres do mercado e com o próprio regulador.

É por isso mesmo que, como contou outra fonte da supervisão do BNA, ao Banco Económico não foi aplicada uma outra medida de penalização, isto ao fim de vários anos sem apresentar contas.

Até 31 de Dezembro de 2021, as contas de balanço da entidade, fecharam com um total de 174.186 milhões de Kwanzas. Entretanto, espera-se que 2022 o banco conheça um dos maiores prejuízos da história recente da banca nacional, que pode levar ao encerramento.

Primeira Página, 17/08/2023