Estado encaixa 109,1 milhões Kz em receitas fiscais com a exportação de 1.427 toneladas de café em um ano

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INCA considera o valor de arrecadação “muito aquém das potencialidades” que o País oferece para a produção do ‘bago vermelho’.

A exportação de café permitiu ao Estado angolano encaixar 109,1 milhões de Kwanzas em receitas fiscais entre Outubro de 2022 e Setembro do ano passado, apurou a revista Economia & Mercado.

Dados do Instituto Nacional de Café (INCA) a que a E&M teve acesso em exclusivo reportam que, no período em referência, o País vendeu ao mercado internacional 1.427 toneladas de café verde, resultando em 4,2 milhões de dólares de receitas.

“Como resultado das exportações, o valor arrecadado como tributo dos 3% da factura FOB [assumida pelo comprador] que cada exportador remete à AGT [Administração Geral Tributária] foi de 109.165.500 Kz”, informa o INCA.

O Instituto Nacional de Café, que, dentre outras missões, trata da classificação e do licenciamento dos lotes de café para a exportação, refere que, fruto deste trabalho, controlou, de Outubro de 2022 a Setembro de 2023, a exportação de 23.783 sacos de 60 quilogramas de café verde.

O INCA considera o valor de arrecadação “muito aquém das potencialidades” que o País oferece para a produção do ‘bago vermelho’.

Daí que a instituição estatal e os parceiros do sector estejam a intervir “de forma muito séria” em vários programas, no sentido de tirar um maior proveito das potencialidade naturais de produção de café que o País oferece.

Migração no método de produção de mudas

Falando nesta quarta-feira, 13, à Rádio Nacional de Angola (RNA), o director-geral adjunto do Instituto Nacional de Café (INCA), Magalhães Lourenço, reiterou que o café angolano “continua a ser procurado quase em todo o mundo” e, nesta altura, há uma aposta na migração do método de produção de mudas, saindo da via seminal para vegetativa.

“Está em construção um centro, no Cuanza-Norte, mais concretamente no Quilombo, que vai suportar esta produção. Aquilo é um centro de multiplicação vegetativa (…) Este é um processo que vem dar uma qualidade ao nosso café, porque a multiplicação vegetativa vai focar-se, sobretudo, na selecção daquelas plantas com maior produção e estas é que vão ser multiplicadas e distribuídas às famílias”, explicou.

A meta é chegar às 8 milhões de mudas

Magalhães Lourenço destacou a relação saudável com a classe empresarial, suportada no aconselhamento técnico oferecido pelo Instituto Nacional de Café, enquanto, em relação às famílias, as acções passam sobretudo pela distribuição de sementes.

“A nossa matriz de apoio encontra-se no sector familiar. No ano passado, nós produzimos 5 milhões de mudas, destas foram distribuídas 4 milhões e 911 mil mudas a pequenos produtores  em todo o País. Podemos dizer que esse número ainda é pouco”, considerou, à RNA, o engenheiro

Avançou que, este ano, a instituição prevê aumentar a produção de sementes para 8 milhões de mudas, para serem distribuídas aos produtores familiares e, “quiçá, também”, aos empresários.

Escoamento funcional

O director-geral adjunto do INCA afirmou que, diferentemente de outros segmentos agrícolas, no sector do café, não há queixas de realce quanto a dificuldades no escoamento, observando que o café, “até agora, é a única cultura em que o comerciante vai à busca do produto” onde ele é produzido.

“Porque a procura é muita e não temos volume para atendermos à demanda”, insistiu, fazendo boa nota dos preços praticados na comercialização do produto.

“Os preços têm estado a evoluir positivamente, porque o café é uma cultura de bolsa, então, os preços têm que andar em consonância com a bolsa. Por exemplo, este ano, o café variou de 600 a 650 Kwanzas e há casos que o café mabuba foi comercializado a 1.000 Kwanzas o quilo. Então, é bastante positivo”, realçou.

14/03/2024