Banco Económico com terceiro maior prejuízo da sua história

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O banco presidido por Victor Cardoso encerrou o ano com resultado líquido negativo de 270,6 mil milhões de kwanzas, equivalente a 327 milhões de dólares, à taxa de câmbio média actual do Banco Nacional de Angola (BNA). É o terceiro maior buraco da história da instituição bancária que nasceu do extinto Banco Espírito Santo Angola (BESA), observou O Telegrama no balancete do IV trimestre de 2023.

A nível daquele que é o sexto maior banco sistémico de Angola, o resultado negativo agora apresentado só é superado pelo prejuízo de 375,3 mil milhões Kz (453 milhões USD) registado em 2020, assim como por aquele que foi o maior rombo da história do banco, ocorrido em 2019, quando as contas no “vermelho” ficaram estimadas em 531 mil milhões Kz (641 milhões USD). Contas feitas, durante os três anos analisados pelo O Telegrama, o Banco Económico (BE) acumulou resultado líquido negativo de 1,1 biliões Kz, correspondente a 1,4 mil milhões USD.

Segundo o balancete do IV de 2023, o banco liderado por Victor Cardoso está em falência técnica, com passivo avaliado em 1,3 biliões Kz (1,6 mil milhões USD), que a propósito é superior ao activo de 908 mil milhões Kz (mil milhões USD). Trata-se, na verdade, de uma situação que se arrasta desde 2019, colocando, neste momento, os fundos próprios na posição negativa de 173,2 mil milhões Kz (209 milhões USD).

O alerta do FMI

O quadro actual das finanças do BE fez com que o Fundo Monetário Internacional (FMI), num relatório sobre as primeiras discussões de avaliação após-financiamento com Angola (PFA) alertasse o BNA, indiretamente, para encontrar uma resolução rápida e profunda, para se evitar a acumulação de mais perdas operacionais no banco, ao ter mencionado, entre outros detalhes, que há um banco sistémico de menor dimensão que está em reestruturação desde 2014.

“Os accionistas dos bancos não estão dispostos a injectar novos capitais e as autoridades excluíram publicamente a possibilidade de apoio fiscal. Por conseguinte, é necessária uma reestruturação ou resolução rápida e profunda para evitar a acumulação de mais perdas operacionais, nomeadamente devido à volatilidade cambial”, detalharam os técnicos do Fundo.

Recorde-se que, há um ano e meio, segundo o jornal Expansão, os 40 maiores depositantes, que tinham mais de 5 milhões de dólares depositados no Banco Económico, foram transformados em accionistas. A publicação escreve que os 40 maiores depositantes entraram como fundos de capital de risco, porém, a instituição bancária continua com problemas e sem respostas por parte dos accionistas e sem nenhuma decisão do Banco Central.

O Telegrama, 03/06/2024