Nos primeiros nove meses de 2022 as seguradoras emitiram prémios avaliados em 240 mil milhões Kz, um crescimento de 27% relativamente ao 1º nove meses do ano transacto, sendo que o ramo Vida aumentou as vendas em 254%, passando de uma quota de 3 para 9% do total.
Os 240 mil milhões Kz de prémios emitidos durante os três primeiros trimestres do ano de 2022 correspondem a cerca de 86,6% do toral das vendas em 2021, pelo que se prevê que os números finais de 2022 venham confirmar um novo recorde de prémios emitidos no mercado angolano (faltam apenas 37 mil milhões Kz). Também importante é o facto deste crescimento estar acima da inflação, que deve fixar-se á volta dos 14%, cumprindo assim um dos maiores objectivos dos operadores nestes sector.
O crescimento foi impulsionado, de acordo com César Marcelino, director do Gabinete de Estudos e Planeamento da ARSEG, com as novas dinâmicas do mercado em resultado das reformas que foram feitas nos últimos anos, nomeadamente com a facilitação e divulgação do acesso aos seguros, uma maior agressividade comercial e melhor organização dos principais operadores, e da separação que tem sido feito entre aqueles que têm e não têm condições para estar no mercado. Tudo isto resultou numa maior confiança dos cidadãos nos seguros, ao que se junta também um maior controlo sobre a efectividade dos seguros obrigatórios.
Se olharmos por aquilo que os números nos dizem vamos também perceber que o ramo doença (seguros de saúde) foi o que mais contribui com um prémio avaliados em (84.400 milhões Kz), destacando-se aqui o III trimestre do ano que fez quase metade das vendas do acumulado de 2022.
Segue-se em termos de volume o segmento da petroquímica com (42.592 milhões Kz) que em comparação com 2021 teve uma ligeira descida, explicada pela valorização do Kwanza de 2021 para 2022, que se reflectiu depois dos números finais. Em terceiro lugar aparece o segmento dos acidentes pessoais (25.299 milhões Kz), que teve também a contribuição do facto de angolanos terem voltadoa viajar, o ramo automóvel (19.243 milhões Kz) e o segmento de “outros danos em coisa” que atingiu nos primeiros nove meses do ano 15.460 milhões Kz.
Ramo Vida
Mas a grande novidade dos três primeiros trimestres de 2022 foi o crescimento impressionante do ramo Vida, ligado á poupança, que aumentou 254%, passando de 5.772 milhões Kz em 2021 para 20.484 milhões em 2022, o que representa uma percentagem de 9% do total dos prémios vendidos no País, contra apenas 3% em 2021. Acrescente-se que em mercados mais evoluídos, de que é exemplo a África do Sul, o ramo Vida vale mais que o Não-Vida.
A administradora executiva da Nossa Seguros, Cristina Nascimento, explica este fenómeno: “É um ramo com forte potencial, apesar da quota residual comparativamente com outros mercados, todavia este ano regista um incremento alavancado pelo negócio de banca/seguros e as seguradoras também estão a dinamizar muito esta área e, portanto, começa-se a notar um crescimento de uma maior exposição e peso do ramo vida”. Acrescenta ainda que há um longo caminho a percorrer e que este segmento tem enorme potencial.
No que diz respeito ao pagamento de sinistros, as seguradoras tiveram um custo avaliado em 66 mil milhões Kz, dos quais 70%, 45,6 mil milhões Kz viram dos seguros de saúde. Os acidentes “obrigaram” ao pagamento de 8,65 mil milhões de indemnizações e os acidentes de automóvel a volume de reparação de danos de 7,87 mil milhões Kz. O sector da petroquímica teve uma no relativamente calmo, com um volume de pagamento de sinistros de “apenas” 1,1 mil milhões Kz.
No total as seguradoras instaladas no País comercializaram 840.488 mil apólices, dos quais 189.025 foram para o ramo vida e 652.463 para o ramo não vida. A ENSA mantém a liderança de mercado com uma quota de 33,3%, seguindo-se a Mundial com 11,4%, a Fidelidade, 11,35%, a Nossa Seguros, 10,11%, aparecendo a Sanlam na 5º posição com 7%.
Expansão , 18/01/2023