UNITA critica OGE 2025: “Há muito dinheiro que corre fora do Orçamento de Estado”

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O Parlamento angolano aprovou, nesta quinta-feira (12), o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2025 com os votos favoráveis do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e do Partido Humanista de Angola (PHA). Entretanto, a proposta foi rejeitada pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição.

Em entrevista à DW, a deputada Albertina “Navita” Ngolo apontou sérias críticas à execução orçamentária do Governo e alertou para a necessidade de maior foco no combate à fome.

Aprovado com um orçamento de 34,63 biliões de kwanzas (cerca de 35 mil milhões de euros), o OGE 2025 prevê melhorias em setores como educação e saúde, além do incremento da renda das famílias e do desenvolvimento do capital humano. Contudo, para Albertina Ngolo, esses objetivos não serão alcançados devido a uma “má afetação e execução dos recursos”.

Segundo a deputada da UNITA, os orçamentos aprovados ao longo dos últimos 22 anos de paz traçam objetivos nobres, como a redução da pobreza e o aumento do nível de vida dos angolanos. Contudo, ela destaca que a execução desses orçamentos tem tido resultados opostos. “Há inconsistências entre os objetivos traçados e a alocação de recursos para os diferentes setores econômicos, sociais e administrativos do Estado”, afirmou.

Ngolo também destacou que a distribuição territorial dos recursos permanece desigual, com uma concentração significativa em Luanda. “Como vamos combater a fome e a pobreza, e o desemprego de 30%, se não há investimentos suficientes nos setores produtivos e no setor privado?”, questionou.

Para a UNITA, o foco principal do orçamento deveria ser o combate à fome, problema que ainda afeta de 10 a 13 milhões de angolanos. Ngolo lamentou que, mesmo após mais de duas décadas de paz, milhões de pessoas continuem em situação de pobreza extrema. “Angola não pode, 22 anos depois da paz, ter milhares de pessoas passando fome”, afirmou.

A deputada também levantou preocupações sobre práticas de desorçamentação, alegando que “há muito dinheiro que corre fora do Orçamento Geral do Estado”. Segundo ela, recursos autorizados pelo Parlamento são frequentemente desviados ou mal executados, sem impacto positivo na vida dos cidadãos.

13/12/2024