O economista-chefe do Standard Bank para Angola considerou hoje que o crescimento previsto até 2025 de 2,5% por ano é “um número muito fraco” para o país, cuja população cresce acima de 3% anualmente.
“Para Angola, prevemos uma média anual de crescimento de 2,5% entre 2020 e 2025, o que é um número muito fraco, num país onde a população cresce acima de 3% todos os anos”, disse Fáusio Mussá durante a sua apresentação de abertura sobre a economia angolana, uma sessão organizada pelo Standard Bank sobre oportunidades de investimento em Angola e Moçambique, que decorre esta manhã em Lisboa.
Na apresentação, Fáusio Mussá passou em revista os últimos anos, concluindo que “houve um esforço muito grande nos últimos cinco anos, mas existe a necessidade de continuar a fazer reformas”.
Considerando que “foram montadas bases muito sólidas para o país continuar a implementar reformas” independentemente do resultado das eleições gerais de Agosto, Fáusio Mussá apontou que Angola vai continuar a ser um país dependente do petróleo pelo menos durante os próximos dez anos.
“O sector petrolífero representa 95% das exportações, 33% do volume de exportações são receitas fiscais e o petróleo vale 33% do Orçamento, por isso não é realista pensar que nos próximos dez anos Angola atinja um alto nível de diversificação; será um objetivo contínuo mas vai levar muito tempo para que a economia se diversifique mais e se torne menos dependente do petróleo”, afirmou.
No quadro macroeconómico, o Standard Bank antevê uma taxa de câmbio nos 440 kwanzas por dólar, o que compara com os 650 previstos no Orçamento do Estado, e uma média de 93,6 dólares por barril este ano, o que é positivo para o país dada a dependência do petróleo.
Sobre a inflação, o banco prevê que a taxa se situe entre 12 e 15% até 2025 e perspetiva uma “remoção gradual dos subsídios aos combustíveis, porque se o país não fizer essa reforma dos preços dos combustíveis, alguns investimentos estrangeiros não vão ser atractivos”, alertou.
O Standard Bank, o maior banco privado a operar em África, organiza esta manhã em Lisboa uma conferência sobre oportunidades de investimento em Angola e Moçambique.
*Com Lusa, 26/07/2022