Sector petrolífero angolano cresce no 1.º trimestre, pela primeira vez, desde 2016

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O Produto Interno Bruto angolano cresceu 2,6% no 1º trimestre de 2022, face ao período homólogo, com o sector petrolífero a ter um desempenho positivo, pela primeira vez, desde o primeiro trimestre de 2016.

Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, o Valor Acrescentado Bruto do Petróleo teve um crescimento de 1,9%, no 1º trimestre de 2022 em relação ao trimestre homólogo, contribuindo positivamente em 0,47 pontos percentuais, na variação total do PIB.
O INE justifica este crescimento com vários factores, entre eles o aumento da procura da Europa e da Índia “devido à normalização paulatina do modo de viver das pessoas” e da tentativa de golpe de estado no Cazaquistão, associada à redução da quantidade produzida pela Líbia, que impulsionaram o aumento da procura do petróleo na África ocidental, incluindo as ramas angolanas.

Todos os sectores não-petrolíferos cresceram, em termos homólogos, excepto o dos diamantes e o da intermediação financeira.

A Agropecuária e Silvicultura tiveram uma variação homóloga de 3,0%, no 1º trimestre de 2022, que se deveu ao aumento da produção das culturas agrícolas e da pecuária, enquanto a pesca teve um aumento de 5,4%, em relação ao trimestre homólogo, devido ao ligeiro aumento da captura no período em referência.

Em sinal contrário, destaca-se a retracção, na ordem dos 14,7%, na Intermediação Financeira e de Seguros, motivada pela queda dos rendimentos dos bancos comerciais (cerca de 15%).
Já o sector dos diamantes teve uma queda brusca de 28,3% no 1º trimestre de 2022 em relação ao trimestre homólogo, justificada com a suspensão do terminal da Socomar, aumento da tarifa portuária e instabilidade nos mercados de origem do produto associados à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

A Indústria Transformadora avançou 2,0%, reflectindo a variação positiva na ordem dos 11% na produção no ramo alimentar, particularmente no sector das moageiras, massas e produtos de padaria, que pesa mais de 60% no total dos sectores industriais.

O sector dos Transporte aumentou 31,3%, traduzindo um crescimento exponencial no subsector aéreo, fruto do aumento de frequências de voos, devido ao alívio das medidas de combate ao covid-19, e, por outro lado, à entrada em funcionamento de novos operadores no serviço de transporte urbano em Luanda.

O Valor Acrescentado Bruto das Telecomunicações subiu 2,4%, devido ao aumento da produção das Unidades Tarifárias de Telecomunicações (Utt) motivadas pelo maior consumo de serviços de comunicações, associado à entrada da nova empresa Africell no mercado interno.

O Valor Acrescentado Bruto da Eletricidade teve um aumento de 2,5%, o da Construção registou um crescimento na ordem de 4,1%, devido ao ligeiro aumento de materiais de construção de origem nacional e importada, e o Comércio um acréscimo de 1,6 %, registando-se aumentos significativos na produção agrícola, pesca e bens manufaturados destinados a essa actividade.

O Valor Acrescentado Bruto do Governo teve uma subida de 7,2%, resultante do facto de o sector público incrementar o valor da remuneração declarada face ao período homólogo, bem como as actualizações, promoções faseadas das distintas categorias e entrada de funcionários públicos.

No caso do imobiliário, o crescimento de 2,9%, justifica-se pelo facto de ser usada a taxa de crescimento da população, bem como a oferta de imóveis em modalidade de renda resolúvel.

O Valor Acrescentado Bruto dos Outros serviços registou um crescimento de 4,8%, associado ao aumento significativo da atividade de hotelaria e restauração, com maior peso nesta categoria.
Em termos trimestrais, o PIB cresceu 4,3% na passagem do 4º trimestre de 2021 para o 1º trimestre de 2022, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal.

As actividades que contribuíram positivamente para a variação do PIB no 1º trimestre de 2022 face ao trimestre anterior foram: Extracção e Refinação de Petróleo com 4,93 pontos percentuais (p.p); Electricidade e Água com 0,004 p.p; Construção com 4,69 p.p; Correios e Telecomunicações com 0,58 p.p; Intermediação Financeira com 0,56 p.p; Administração Pública com 0,41 p.p e Outros Serviços com 0,31 p.p.

 

*Com Lusa, 01/07/2022