A indústria transformadora, sobretudo os sectores das bebidas e dos bens alimentares, começa a ganhar fôlego, de acordo com o índice que avalia a produção das indústrias angolanas. Já a indústria extractiva continua em queda, com o petróleo à cabeça.
A produção industrial em Angola registou um ligeiro crescimento de 0,1% em 2022 face a 2021, com a indústria transformadora a conseguir atenuar em parte a queda da produção na indústria extractiva, indicam os dados do relatório sobre o Índice de Produção Industrial (IPI) referentes ao último trimestre do ano passado.
A produção das indústrias transformadoras cresceu 5,1% face a 2021, beneficiando do crescimento da produção nas “Indústrias alimentares, das bebidas e do tabaco” (+6,6% face a 2021) e na “Fabricação de produtos petrolíferos, químicos e outros” (+3,2%). Estes dois subsectores valem 9% do Índice de Produção Industrial.
A empurrar a produção industrial para cima esteve também a “Produção e distribuição de electricidade, gás e vapor”, que cresceu 11,5% face a 2021. Também a “Captação, tratamento e distribuição de água e saneamento” viu a produção crescer 7,5%.
Noutro sentido, a puxar a produção industrial pra baixo volta a estar o sector das indústrias extractivas, com o petróleo à cabeça. Em comparação a 2021, a produção do sector das indústrias extractivas caiu 3,4%, devido à queda de 3,9% no subsector de “Extracção de petróleo”, que vale 85,3% do IPI.
Quanto à “Extracção de diamantes”, a produção subiu 10,2%. O IPI avalia o desempenho das indústrias extractivas, transformadoras, da produção e distribuição de electricidade, gás e vapor, da captação, tratamento e distribuição de água e saneamento, e da produção de bens intermédios, bens de consumo e produtos de energia, e está em terreno positivo há sete trimestres consecutivos (ver gráfico).
Quanto à produção por bens, os bens intermédios, que são produtos utilizados no processo de produção de produtos acabados (matérias-primas), cresceram 0,9% face a 2021. Já a produção de produtos de energia subiu 0,5%, enquanto de bens de consumo cresceu 6,0%.
Apesar das melhorias na produção industrial, a falta de matérias-primas e as frequentes avarias mecânicas nos equipamentos são apontados como os grandes problemas. A isso acresce-se também as dificuldades financeiras, a falta de mão-de-obra especializada e de água e de energia.
Este relatório é o resultado provisório do Inquérito à Produção Industrial realizado pelo INE, com regularidade trimestral, em 398 estabelecimentos seleccionados a nível nacional com destaque para as províncias de Luanda, Bengo, Cabinda, Benguela, Huíla, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Lunda Norte, Malanje, Uíge, Zaire, Huambo, Namibe e Bié. A província de Luanda, com 201, é a que mais estabelecimentos possui na amostra, representando cerca de 51% do total. Dos 398 estabelecimentos inquiridos, durante o período em análise, responderam 355, o que corresponde a uma taxa de resposta de 89%.
Expansão , 24/03/2023