Aliko Dangote, CEO do Dangote Group e o homem mais rico da África, revelou recentemente que enfrenta enormes dificuldades para viajar pelo continente africano, apesar de realizar negócios em diversos países.
Durante sua participação na 11ª Cimeira Anual do Africa CEO Forum, Dangote, de 67 anos, relatou que precisa de 35 vistos diferentes em seu passaporte para circular pela África, algo que cidadãos com passaportes europeus não precisam.
“Como investidor, como alguém que quer tornar a África grande, tenho de solicitar 35 vistos diferentes no meu passaporte,” disse Dangote, gerando risadas da plateia ao mencionar que “não tem tempo de deixar seu passaporte nas embaixadas para obter um visto”. A declaração foi feita durante o evento realizado em Kigali, Ruanda, que reuniu 2.000 líderes empresariais, CEOs, investidores e decisores políticos.
A questão levantada por Dangote reacendeu um debate sobre a mobilidade dos africanos dentro de seu próprio continente. É frustrante para muitos que passaportes europeus, de antigos colonizadores, tenham mais acesso sem visto à África do que muitos passaportes africanos. Em um ponto de sua fala, Dangote se virou para o executivo francês ao seu lado e disse: “Posso assegurar a vocês que Patrick (Pouyanné, CEO da Total Energies) não precisa de 35 vistos no passaporte francês, o que significa que você tem movimentos mais livres do que eu na África.”
A União Africana afirmou que um de seus objetivos é remover “as restrições à capacidade dos africanos de viajar, trabalhar e viver no seu próprio continente”, promovendo viagens sem visto. No entanto, a implementação dessas medidas tem sido lenta. A livre circulação é uma parte crítica da Zona de Comércio Livre Continental Africana, mas as ações concretas ainda estão aquém dos compromissos.
O investigador de migração Alan Hirsch explicou que o medo da migração permanente é uma das razões pelas quais nações africanas não facilitam a visita de outros africanos. “Há um receio nos países africanos mais ricos de que as pessoas dos países mais pobres possam estar à procura de uma forma de se mudarem permanentemente para lá”, afirmou Hirsch.
Exemplos desse problema são abundantes. Um visto nigeriano, que antes custava US$ 25 para portadores de passaporte queniano e era pago na chegada, agora exige uma solicitação eletrônica antecipada, custando US$ 215. O presidente queniano, William Ruto, prometeu eliminar os vistos para quem viajasse para o Quênia, mas a nova autorização eletrônica de viagem, que custa US$ 30, tem um processo de solicitação semelhante ao de um visto tradicional.
Dangote, que ocupa o 144º lugar no ranking global de bilionários da Forbes, com uma fortuna avaliada em 13,4 bilhões de dólares, é o fundador e presidente da Dangote Cement, o maior produtor de cimento da África. A empresa tem capacidade para produzir 48,6 milhões de toneladas de cimento por ano e está presente em 10 países africanos.
A 11ª Cimeira Anual do Africa CEO Forum, realizada em Kigali de 16 a 17 de maio, destacou o papel propulsor do setor privado no desenvolvimento do continente. O evento reuniu líderes empresariais, investidores e decisores políticos para dois dias de conferências, debates e reuniões de alto nível, sublinhando a necessidade de facilitar a mobilidade para impulsionar o crescimento econômico na África.
31/05/2024