Morreu o “metalúrgico da moda”: Paco Rabanne tinha 88 anos

Imagem: DR

O criador e perfumista Francisco Rabaneda y Cuervo, mais conhecido como “Paco Rabanne”, morreu aos 88 anos, confirmou o presidente da câmara de Vannes, David Robo, e o grupo espanhol Puig que controla a marca. Morreu na sua casa em Portstall (Finistère), na Bretanha, em França, avança o jornal Le Télégramme, citado pela Paris Match.

Rabanne terá morrido nesta sexta-feira. O criador era dos últimos membros do “grupo de designers especiais”, constituído por nomes como Pierre Cardin, André Courrèges ou Thierry Mugler, refere o espanhol Le Razon. Nos anos 1960, Paco Rabanne distinguiu-se pelo uso de novos materiais e contribuiu para abrir a moda ao mundo pop, lembra o sobrinho-neto Daniel Rabaneda, ao mesmo jornal, numa notícia de 2021: “Há marcas que são fundamentais para o vestuário, mas Paco foi mais do que isso.”

​“Entre as figuras de referência da moda do século, o seu legado continuará a ser uma fonte constante de inspiração. Estamos gratos ao Monsieur Rabanne por ter sido o fundador da nossa herança avant-garde e definir um futuro de possibilidades ilimitadas”, pode ler-se na página oficial de Instagram da Paco Rabanne.

De origem basca, nascido a 18 de Fevereiro de 1934, Paco Rabanne era filho de um general andaluz, Francisco Rabaneda Postigo, que morreu três anos depois do nascimento de Paco. A mãe, de origem basca, foi militante e membro da direcção do Partido Comunista espanhol, motivo suficiente para a família se refugiar em Finistère, em França, em 1939, fugida do regime franquista, em Espanha, refere o El País.

A mãe de Paco terá trabalhado no atelierê de Cristóbal Balenciaga (1895-1972), em San Sebastían, como costureira, continua o El País. Foi isso que terá atraído Paco para a moda, depois de ter estudado Arquitectura na Escola Superior de Belas-Artes, em Paris. Chegou a colaborar com a Dior, a Givenchy e mesmo a Balenciaga, antes de se lançar em nome próprio.

Em Paris, inaugurou a marca epónima e apresentou a primeira colecção em 1966. Três anos depois lança a primeira fragrância com a sua etiqueta, chama-se “Calandre”, para mulher, que continua a ser vendida e é definida no site da marca como “um perfume fresco, metálico, sedutor, provocante e icónico”. Começou a afastar-se da marca em 1999, primeiro da alta-costura, depois, pouco a pouco, do pronto-a-vestir. Este é um processo comum a muitos criadores – por exemplo, no final do ano passado, Tom Ford anunciou que deixaria o projecto em nome próprio durante 2023 e vendeu a marca ao grupo Estée Lauder. Em 2020, Jean Paul Gaultier também se despediu das passerelles. Já Thierry Mugler abandonou a marca epónima em 2002, 20 anos antes de morrer.

Público, 02/03/2023