As duas empresas privadas angolanas produtoras de petróleo registaram um lucro conjunto de 156,0 milhões USD em 2023, o que representa um crescimento de 72% face aos 90,5 milhões USD contabilizados em 2022, de acordo com cálculos do jornal Expansão com base nos relatórios e contas das petrolíferas. Tratam-se da Etu Energias e da Acrep – Exploração petrolífera, empresas detidas por capitais angolanos, que pretendem ter as suas acções cotadas na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA).
Grande parte dos resultados (90%) deve-se ao desempenho da Etu Energias, que registou um lucro de 140,3 milhões USD, o que representa um aumento de 84% em relação ao exercício económico de 2022, quando registou lucros na ordem dos 76,6 milhões USD.
Segundo o semanário Expansão, na base do crescimento dos lucros da petrolífera está a integração dos rendimentos em subsidiárias e associadas avaliados em 72,9 milhões USD, bem como o aumento das receitas totais (que englobam as vendas e a receita total dos blocos operados e não operados) que passaram de 204,8 milhões USD para 414,7 milhões, um crescimento de 103% em termos homólogos, ou seja, as receitas totais mais que duplicaram. Apesar da redução do preço de petróleo em 19% para 82 USD negociado pela Etu, o aumento das exportações compensou a redução do preço do “ouro negro” exportado pela maior petrolífera angolana privada com presença no upstrem, downstream e nas energias renováveis.
A isto junta-se também a redução do custo médio por barril operado (opex por barril) que passou de 14,9 USD para 13,8 USD. A ex-Somoil também viu aumentar a sua posição no sector do oil&gas, já que se expandiu como operador do CON-1, CON-2,CON-4. De acordo com o relatório da instituição, a Etu energia é operadora em blocos com potencial de 50.000 barris diários, nomeadamente o bloco 2/05 (30%), FS (15%), FST (31,33%), CON-1 (40%), CON-6 (43,75%). Tem participações em sete blocos operados por terceiros, nomeadamente os blocos 3/05 (10%), 3/05A (10%), 4/05 (18,75%), 14/14K (29%), 17/06 (7,5%), 32 (5%). Durante ano de 2023, a petrolífera produziu uma média de 14.795 barris por dia, e a meta é fechar o ano de 2024 a produzir 25 mil barris e chegar aos 40 mil até 2030, segundo avançou o seu PCA, Edson Santos, durante a conferência de empresa de apresentação das contas, realizada no Soyo.
Já a Acrep, liderada por Carlos Amaral, contabilizou lucros na ordem dos 15,2 milhões USD, um aumento de 9% em relação aos 13,9 milhões USD de 2022. Diferente da Etu, a Acrep viu as suas vendas caírem 23% para 32,4 milhões USD. “A redução das receitas é justificada pelo desinvestimento do Bloco 2/05 e a redução do preço do crude”, aponta a instituição no relatório. Assim, de acordo com o documento, em 2023 a Acrep vendeu 427.885 barris de crude, em seis exportações, tendo a totalidade dos carregamentos como destino a China.
Entretanto, o aumento dos resultados líquidos deve-se a receitas não operacionais, influenciado essencialmente pela venda da participação da Acrep no bloco 2/05, o que gerou uma mais-valia de 26,85 milhões USD, sendo o remanescente relativo ao reconhecimento dos custos dos projectos sociais. A isso juntam-se também o aumento dos resultados financeiros (que incluem os juros decorrentes de aplicações efectuadas, bem como os ganhos e perdas por diferenças de câmbio) avaliados em 470,8 mil USD quando no ano anterior registou apenas 57,3 mil USD.
Estamos Juntos, 08/07/2024