Dos dez maiores bancos comercias que actuam no mercado nacional, o Standard Bank Angola é o que oferece uma taxa de juros mais atractiva para as poupanças a curto e médio prazo. Mas poupar por via de depósitos, com taxas de juro baixas, é pouco atractivo, aponta especialista. Onde aplicar o dinheiro é uma das questões que surge na hora de poupar ou investir.
O depósito a prazo é uma resposta que os bancos comerciais oferecem aos clientes e em Angola, as taxas de juros dos dez maiores bancos comercias em activos variam de 5,00% a 12,84%, no curto prazo (90 dias), entre os 7,00% e os 14,26% no médio prazo (até 180 dias) e os 7,70% e os 21,00% a mais de um ano.
O Standard Bank Angola é o que tem a taxa de juro mais atractiva para depósitos de curto prazo, 12,84%, já o Banco de Fomento Angola (BFA) e o Banco Sol têm as taxas mais baixas de 5% para o período de 90 dias, de acordo com os preçários publicados pelos bancos nos seus sites. Para os depósitos a prazo com duração de um ano, o juro mais atractivo é do banco Sol com uma taxa de 21,00%, a seguir é o Banco Angolano de Investimentos (BAI) com 20,00% e o que remunera menos é o do Banco de Negócios Internacional (BNI), com 7,70%. Mas é expectável que estas taxas de juro deverão baixar nos próximos tempos à medida que os bancos responderem à descida da taxa básica de juro do BNA, que caiu de 19,50% para 18,00% e pelo fato de a inflação estar em desaceleração, tendo fechado 2022 com a mais baixa desde 2015, nos 13,86%.
Para o economista José Lumbo, a redução destas taxas de juros não incentiva a poupança dos agentes económicos, especialmente num país onde uma parte substancial da população olha com desconfiança para o sector bancário. Conforme o especialista, face à conjuntura actual, os depósitos a prazo, não representam uma via certa para poupar, sendo que, o caminho assertivo é investir em activos reais, ou seja, o mais inteligente de se fazer é aplicar em investimentos de renda e oferecer rendimentos reais levando em consideração a inflação do período, ressaltou José Lumbo mencionou que, o facto de as taxas de reembolso de depósitos a prazo estarem em muitos casos abaixo da inflação, faz com que os depósitos a prazo deixam de ser bons mecanismos de poupança, pois a remuneração real é negativa.
“Importa referir que o agente económico racional não estará disposto a aplicar os seus recursos em produtos financeiros a prazo (depósito a prazo praticado pelos bancos comerciais, por exemplo) cuja taxa de reembolso seja inferior à taxa de inflação na data de vencimento da aplicação, o que representará uma má medida”, destacou.
O economista sublinhou ainda que a falta de incentivos por parte dos bancos comerciais fará com a população recorra a outros mecanismos de poupança mais tradicionais no país como são o caso de comprar dólares na rua e guardar em casa. Ainda assim realça que “comprar dólar e guardar em casa não é nenhuma poupança, mas, sim, entesouramento, pois não há nenhuma remuneração dos dólares guardados em casa e há o risco da variação cambial associado a esta prática”, disse.
De acordo com o critério do Expansão, foram considerados o tipo de depósitos com montante mínimo para subscrição abaixo ou igual a 100 mil Kz e aplicável trimestralmente no período de um ano. Para a análise comparativa, foram considerados o tipo de depósito a prazo “Rendimento Crescente” do BAI, “Depósito a Prazo Simplificado” do Standard Bank Angola, bem como o “Depósito a Prazo Atlântico” do Millennium Atlântico e “Sol Crescente 21% 12 Meses” do Banco Sol.
Do BFA usou-se a modalidade “Depósito Crescente 18%”, e o “Depósitos a Prazo BIC MAIS” do BIC, “Depósito a Prazo Em Moeda Nacional” do BNI, Rendimento Imediato do Banco Económico, DP CAIXADIRECTA do Banco Caixa Geral de Angola e Depósito a Prazo do BPC. Porém, para o investimento dos clientes e com objectivo de captação de recursos, as instituições financeiras bancárias têm muitas outras modalidades, conforme consta nos seus preçários.
Expansão , 02/03/2023