“Enquanto nos mantivermos sempre em linhas paralelas até nos assuntos mais nobres do Estado, nunca desfrutaremos das benesses da nossa Independência e estaremos sempre a gravitar na nossa miséria social”, diz presidente da CEAST.
Os bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) consideraram esta Segunda-feira, 24, em Luanda, que os recentes “escândalos financeiros” no sector da administração pública e o alto nível de desigualdade económica em Angola geram um clima de desconfiança, incerteza e desconforto, que revelam uma gravíssima crise da ética e de patriotismo.
Esta preocupação consta do comunicado final da I Assembleia Plenária Anual 2025, apresentado pelo presidente da CEAST, Dom Manuel Imbamba.
O também arcebispo metropolitano de Saurimo referiu que os bispos olham com preocupação alguns fenómenos presentes na sociedade angolana e que muitos danos estão a provocar no seio das famílias, discursos políticos que não inspiram, não motivam e nem galvanizam, porque continuam a fazer de nós reféns do passado.
“Insistem na instigação do ódio, da divisão, da exclusão, da partidarização da história e do fixismo político e ideológico. Enquanto nos mantivermos sempre em linhas paralelas até nos assuntos mais nobres do Estado, nunca desfrutaremos das benesses da nossa Independência e estaremos sempre a gravitar na nossa miséria humana, social, política, económica, religiosa e cultural”, sublinham os bispos.
Por isso, Dom Manuel Imbamba defende que é necessário redescobrir e reinventar a mística da política para que esteja sempre ao serviço dos interessados do bem comum e da felicidade dos cidadãos.
A isto, disse o prelado, se juntam os altos níveis de desigualdade económica, com grande disparidade entre os mais ricos, cujo número se vai reduzindo progressivamente, e os mais pobres, cujo número não cessa de aumentar.
“O elevado número de crianças fora do sistema de ensino, especialmente entre as camadas mais pobres, as taxas de desemprego cada vez mais assustadoras e o aumento, no capítulo da humanização dos serviços e dos seus agentes a insegurança alimentar”, lamentou.
Forbes África Lusofona , 24/02/2025