Empresária do sector avicola critica excesso de Estado na economia e denuncia “máfia” nas rações envolvendo bancos

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Durante a sua intervenção no Angola Economic Forum, que decorre desde quarta-feira (12) até sexta-feira (14) na capital Luanda, a empresária Elisabeth Dias Dos Santos criticou duramente a atuação do Estado na economia, bem como os grandes grupos que, segundo ela, perpetuam a informalidade e a evasão fiscal no país.

Elisabeth destacou a intervenção, no paínel que abordou “Actividade fiscal do Estado: política fiscal, impostos, fiscalização e regulação da concorrência”, a  excessiva do Estado na economia, argumentando que tal prática sufoca os empresários que acreditam no país. “O Estado quer desenvolver todos os papéis na economia e afoga empresários que acreditam no país, enquanto os grandes grupos alimentam a informalidade” que ela estima ronda os 90%.

A empresária também apontou a evasão fiscal como um problema crítico, destacando que ocorre principalmente entre esses grandes grupos. “A evasão fiscal acontece nestes grandes grupos,” disse Elisabeth, sugerindo uma fiscalização inadequada ou conivente com tais práticas.

Outro ponto de sua crítica foi o plano econômico vigente, que ela considera ineficaz, especialmente diante da realidade de pessoas passando fome no país. “Se temos pessoas a morrer de fome no país, significa que o plano económico vigente não funciona,” declarou enfaticamente.

Elisabeth denunciou ainda o controle do setor de rações pelos bancos, acusando-os de envolvimento em práticas mafiosas. “O setor das rações é controlado até pelos bancos. Há bancos que já entraram na máfia, mas não vou falar, o BNA recebeu a nossa denúncia,” revelou. Segundo a empresária, os bancos estão interferindo nas compras para a produção de rações, impactando negativamente os produtores locais.

Ilustrando sua experiência pessoal no setor avícola, Elisabeth destacou a falta de contratos diretos com o Estado, apesar de ser a maior produtora de ovos do país. “Estou no setor avícola, entrei com 28 anos, estou com 44. Acredita, o maior produtor nunca teve um contrato com o Estado!” Ela explicou que, para vender sua a produção, precisa passar por intermediário, que controlam tanto as matérias-primas quanto os preços finais, levando a uma situação de injustiça económica. “Eu tenho que vender a um libanês que vende ao Estado angolano. O libanês que vende ao estado vende-me as matérias-primas, eu vendo-lhe o ovo e ele define o preço. Depois a AGT vem tributar a mim,” criticou.

Elisabeth fez na sua intervenção um alerta sobre a gravidade da situação econômica no país. “O país está a entrar para rotura total”.

13/06/2024