Duas em cada 10 empresas ligadas ao agro-negócio no País estão em Benguela e Huambo

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No País, 92% das Explorações Empresariais (EE) praticam a actividade agrícola, 40% dedicam-se à actividade pecuária, cerca de 7% praticam aquícola e menos de 1% dedicam-se à silvicultura. A geografia da agricultura indica que existe um total de 5.887 EEs, das quais 5.858 foram escrutinadas durante o RAPP 2019-2020.

Benguela e Huambo são as províncias que apresentam a maior percentagem de Explorações Agro-pecuárias e Aquícolas Empresariais (EEs) com cerca de 14% e 9%, respectivamente, posicionando-se no top das zonas onde existem mais empresas no sector do agro-negócio. A geografia da agricultura em Angola indica que existe um total de 5.887 EEs, das quais foram escrutinadas, indicam os dados do primeiro Recenseamento Agro-pecuário e Pescas de Angola realizado depois da independência (RAPP 2019-2020).

Os dados recolhidos em 2021 indicam que cerca de 91% das EEs têm como proprietário um homem e mais de um terço dos proprietários têm entre 55 a 64 anos. São quase exclusivamente de nacionalidade angolana, excepto 1% de estrangeiros, encontrados na sua maioria em Cabinda e Luanda.

Para Fernando Pacheco, um dos mais conceituados engenheiros agrónomos do País, os números das EEs, ou seja, o número de empresas que se dedicam ao agro-negócio reflecte o nível de desenvolvimento das forças produtivas do país neste sector. Explica, por outro lado, que deste número teríamos talvez de descontar as que estão paralisadas ou quase, como refere o REMPE 2019, que, aliás, reconhece a existência de apenas 4.521 empresas agrícolas”, disse Fernando Pacheco.

Entretanto reconhece que temos poucas empresas porque o sector está pouco desenvolvido e este pouco desenvolvimento resulta da falta de mais empresas. “Não se pode pensar apenas em empresas produtivas, faltam também noutros pontos da cadeia de valor, tanto a montante como a jusante. Em síntese, este número está longe de satisfazer”, sublinhou Pacheco, tendo assegurado que só há três caminhos: melhorar o ambiente de negócios, apostar nas infra-estruturas e serviços e aumentar o crédito ao sector produtivo.

O RAPP 2019-2020 identificou cerca de 47%, ou seja 2.753 EEs que possuem a forma jurídica de empresa em nome individual, sendo que 15% das mesmas possuem o número de registo estatístico e 12% possuem a escritura do sector de tutela que as habilita ao exercício da actividade agrícola. A nível do País, 92% das EEs praticam pelo menos a actividade agrícola, 40% dedicam-se à actividade pecuária, cerca de 7% praticam aquícola e menos de 1% dedicam-se à silvicultura. Neste último caso, os indicadores são uma grande preocupação tendo em conta as alterações climáticas. Ambientalistas defendem a aposta no repovoamento florestal e querem que seja prioridade das políticas do Estado.

 

Expansão , 02/06/2023