Quando Javier Milei assumiu a presidência da Argentina em dezembro de 2023, o país enfrentava uma das piores crises econômicas das últimas décadas. A inflação disparava para quase 13% ao mês, e o dólar “azul” – o dólar paralelo usado como referência para preços no país – já havia subido 25% até o final de janeiro. Muitos previam que o governo Milei poderia enfrentar uma nova hiperinflação ou até uma crise política semelhante à de 2001.
No entanto, o recém-eleito presidente libertário, conhecido por suas posições radicais, implementou um pacote de medidas econômicas que surpreenderam o mercado e seus opositores. O ajuste, que ele próprio chamou de “o maior da história da humanidade”, incluiu cortes profundos nos gastos públicos e reformas no Banco Central.
Medidas drásticas para conter a inflação
Uma das primeiras ações de Milei foi reduzir os gastos públicos em cerca de um terço, usando a “motosserra” simbólica que marcou sua campanha. Essa redução nos gastos permitiu que ele diminuísse drasticamente as emissões de moeda, principal causa da inflação. Como resultado, a Argentina passou de um déficit fiscal para um excedente, algo raro na história recente do país.
Além disso, Milei atacou a dívida do Banco Central, responsável por gerar grande parte da pressão inflacionária devido aos altos juros pagos sobre os passivos remunerados. A solução encontrada foi diminuir a taxa de juros e desvalorizar o peso, aproximando a taxa de câmbio oficial ao valor do dólar no mercado paralelo. Isso gerou um ajuste nos preços relativos, fazendo com que os passivos remunerados ficassem com taxas de juros reais negativas, aliviando a carga sobre o Banco Central.
Controle sobre o dólar
Enquanto a inflação foi caindo gradativamente – de 20,6% em janeiro para 3,5% em setembro – o dólar “azul” seguiu um percurso mais instável. No início do mandato, o dólar paralelo chegou a 1.250 pesos, mas após um breve período de estabilização entre março e maio, voltou a subir em julho, atingindo 1.500 pesos.
Apesar dessa alta temporária, a confiança no governo de Milei ajudou a estabilizar o valor do dólar. A partir de agosto, o dólar voltou aos níveis de janeiro, em torno de 1.000 pesos, algo que muitos consideram uma vitória significativa, já que o dólar paralelo é um termômetro da confiança do mercado na economia argentina.
O impacto positivo das medidas de Milei também começou a ser percebido pelos argentinos. “O dólar cai, as despesas não sobem, o aluguel da garagem não sobe, meu salário sobe. OBRIGADO MILEI”, escreveu um usuário no X, celebrando o alívio econômico.
Perspectivas futuras
Embora os desafios econômicos da Argentina estejam longe de serem resolvidos, as medidas adotadas por Milei até o momento conseguiram estabilizar a inflação e o valor do dólar. O sucesso dessas políticas pode determinar o futuro econômico do país nos próximos anos, e a capacidade de Milei de manter essa estabilidade será crucial para evitar uma nova crise.
24/10/2024