A indústria petrolífera de Angola está em declínio. Angola perdeu capacidade de produção em cerca de 50% nos últimos 10 anos, passando de 2 milhões de barris por dia para cerca de 1 milhão.
Na sua intervenção no painel “O Futuro da Indústria Petrolífera Angolana” no Angola Economic Forum, Patrício Quingongo, CEO da PetroAngola e promotor do evento, destacou preocupantes tendências de declínio na produção e investimento na indústria petrolífera do país.
O fórum, que começou na quarta-feira, 12 de junho, e vai até sexta-feira, 14 de junho, reúne especialistas e líderes da indústria para discutir os desafios e oportunidades do setor.
Quingongo revelou que Angola está a perder diariamente 6 milhões de dólares devido ao declínio na produção de petróleo. Apontou que, nos últimos 10 anos, a média de declínio foi de 150 mil barris por dia.
O CEO apresentou dois cenários para o futuro da produção petrolífera angolana até 2030. O cenário optimista, baseado nos programas anunciados pelo governo, projeta uma produção de 1.143.000 barris por dia. Já o cenário pessimista, caso esses programas não atinjam o sucesso esperado, prevê que a produção possa cair para menos de 500 mil barris por dia. “Angola é o único país no mundo que registou tal declínio sem ter ocorrido nenhuma catástrofe,” destacou Quingongo.
A redução significativa no investimento direto na indústria também foi um ponto crucial na sua intervenção. Segundo Quingongo, a média de declínio no investimento é de 6% ao ano, evidenciado pela ausência de novas descobertas de petróleo e pela falta de sanção de novos projetos desde pelo menos 2023.
Na altura em que a indústria angolana estava aquecida, tínhamos um investimento de 16 bilhões no desenvolvimento de novos campos, número que caiu mais da metade, observou. O especialista explicou que este investimento é crucial para o desenvolvimento de novos projetos, ao contrário da receita anual destinada às operações correntes.
Entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000, Angola foi o principal destino de investimentos na indústria petrolífera, mas perdeu essa posição para outros países mais atrativos devido a várias razões, incluindo a burocracia.
Menos de 2% da receita do petróleo fica em Angola porque a indústria é controlada por companhias estrangeiras que trazem o equipamento e o know-how, acrescentou Quingongo, destacando a necessidade urgente de políticas que incentivem o investimento local e a retenção de mais receitas no país.
13/06/2024