A quantidade de moeda em circulação na economia reduziu 1,5% em Abril de 2023 face ao mês de Março, passando de 623,0 mil milhões Kz para 613,6 mil milhões Kz, menos 9,4 mil milhões kz em relação ao mês anterior, de acordo com os dados sobre a massa monetária publicados pelo Banco Nacional de Angola (BNA). Em termos homólogos, por outro lado, a moeda em circulação até cresceu 7,3%, ou seja, em Abril do corrente ano o BNA injectou mais 41,9 mil milhões Kz em relação ao mesmo mês do ano passado.
Ainda em Abril, como ilustram os dados do BNA, a base monetária (que é o resultado da soma de notas e moedas em circulação com as reservas bancárias) registou uma subida mensal de 4,2% (mais 108,4 mil milhões Kz) para quase 2,7 biliões Kz. Esta contracção da moeda em circulação vai em sentido contrário ao que se passou em praticamente todo o ano passado, em que mês após mês a moeda em circulação ia aumentando.
Para os especialistas, é a recente depreciação do Kwanza face ao dólar que motivou em jeito de antecipação o banco central a retirar moeda de circulação em Abril. Isto por apesar de a moeda nacional apenas ter depreciado 0,8% face ao dólar entre Março e Abril, a partir de 11 de Maio até dia 24 depreciou 6,5%.
Para o economista Daniel Sapateiro, o facto de a moeda nacional ter depreciado USD e ao EUR (na banca comercial ou M2), levou o BNA a corrigir ou a “enxugar” o mercado de papel-moeda em circulação, a fim de controlar a inflação. Ainda de acordo com Daniel Sapateiro, se o BNA e outras entidades (como o Tesouro, que é o principal player do mercado de divisas) conseguirem por via das suas responsabilidades atenuar ou corrigir a depreciação do Kwanza e o aumento de preços, “será uma boa notícia”, pois cabe ao banco central defender o Kwanza e tudo fazer para estabilidade de preços no mercado de consumo.
Já o também economista Duarte Manuel admite que a política monetária do BNA tem contribuído para a diminuição dos preços de alguns produtos da cesta básica. Ainda assim, deixa o alerta de que se deve dar atenção à política cambial, a fim de permitir que os agentes económicos possam aceder aos produtos da cesta básica e outros, que ainda são importados, a preços mais reduzidos.
Daniel Sapateiro por outro lado defende que, sendo o objectivo do BNA reduzir a taxa de inflação, o aumento da moeda em circulação irá poderá ter o efeito contrário. “Inflação faz depreciar a moeda porque somos um País importador, logo gerará mais necessidade de Kwanzas. Precisamos e muito de tudo fazer para estarmos neste ano, pelo menos, nos 10 a 11% de índice de preços como média ao longo do ano. Em 2024 devemos ambicionar, se o contexto o permitir, estar entre os 7% e os 10%”, disse.
Ainda assim, apesar de admitir que o aumento da moeda em circulação possa fazer aumentar os preços, Duarte Manuel considera um sinal positivo o eventual estimulo ao consumo, visto que provocará um aumento das receitas das empresas e das receitas fiscais. As empresas, continuou, poderão ter mais capital disponível para aumentar a sua produção e traçarem estratégias de internacionalização dos seus negócios. Mas o BNA não deverá trabalhar isolado.
Deverá trabalhar com as instituições do Ministério das Finanças e outras instituições do Estado a fim de travar o aumento dos preços dos bens e serviços.
Expansão , 29/05/2023