Angola precisa acelerar investimentos em infra-estruturas – Standard Bank

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O PCA do Standard Bank defende que o alinhamento com o sector privado, entidades multilaterais, bancos financiadores e com os potenciais produtores, deve se constituir numa prioridade do Governo.

Angola precisa acelerar os investimentos em infra-estruturas e aumentar a capacidade de execução dos projectos, para transmitir confiança aos investidores internacionais e garantir que Produto Interno Bruto (PIB) cresça acima dos 3%, defendeu o presidente do Conselho de Administração do Standard Bank Angola (SBA).

Falando na conferência sobre infra-estruturas, promovida recentemente em Luanda pela A PLMJ Colab Angola – RVA Advogados, em parceria com a Associação Angolana de Projectistas e Consultores, Luís Teles advogou que o alinhamento com o sector privado, entidades multilaterais, bancos financiadores e com os potenciais produtores, deve se constituir numa prioridade do governo angolano, no sentido de assegurar o crescimento económico do país.

Ao destacar o papel dos bancos comerciais, o gestor bancário sublinhou que não se pode esperar que a banca nacional consiga financiar projectos a 5% em 20 anos, por exemplo. “Tem que haver uma articulação e estruturação de soluções que definam a responsabilidade de todos os intervenientes no processo. Trata-se de um trabalho que deve ser feito com transparência e comunicação, de forma a transmitir confiança”, referiu.

Na sua visão, Angola, “felizmente”, está num ciclo de crescimento económico positivo. No ano passado, segundo dados oficiais, o PIB do país cresceu mais de 3%, ainda assim considerado “insuficiente”, por Luís Teles. “Sendo Angola um país que pretende desenvolver-se e que tem todas as condições para ser competitivo, não pode crescer 3% ao ano”, acrescentou.

Entretanto, o Secretário de Estado para as Águas, do Ministério da Energia e Águas, Manuel Quintino, avançou que há um financiamento do Governo de Angola para as infras-estruturas de abastecimento de água  e saneamento, porém admitiu que a capacidade financeira do país é limitada, razão pela qual recorre-se ao financiamento, que é depois complementado por fundos provenientes dos financiadores multilaterais, fundamentalmente do Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e do Banco Europeu de Investimento.

Por sua vez, o representante do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em Angola e São Tomé e Príncipe, Pietro Toigo, referiu que a entrada de investidores privados para um traz uma nova forma de gerir projectos, novas tecnologias e conhecimentos. A título de exemplo, Pietro Toigo apontou que Moçambique tem um número de projectos com investimento em infra-estruturas 10 vezes mais alto que Angola, “porque o país começou, na década de 2000, a testar o mercado privado de investimento na referida área”.

Já a sócia da PLMJ Colab Angola – RVA Advogados, Renata Valente, defendeu a necessidade de os investidores debaterem mais sobre os projectos reais, as modalidades de financiamento e como o Governo vai executar e manter as infra-estruturas que está a desenvolver. “É preciso gerar mais confiança aos investidores”, acrescentou.

Segundo Renata Valente, o Governo [de Angola] tem feito um trabalho “extraordinário” no que diz respeito à redução da dívida pública e à estabilização macroeconómica, factor que afirma se essencial para permitir o desenvolvimento de projectos com a participação de privados. Contudo, realçou, “o volume de financiamento é de tal forma significativo que é impossível que esses projectos sejam financiados exclusivamente por capitais públicos”.

Forbes África Lusofona , 02/06/2023