Angola possui 36 dos 51 minerais críticos existentes no mundo

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O Director Nacional dos Recursos Minerais de Angola, André Buta Neto, disse ontem, 27 de Julho, que o país possui 36 dos 51 minerais críticos a nível mundial, dos quais alguns prestes a entrar em fase de produção

Este responsável que falava no 2.º Fórum de Banca & Mineração, organizado pela Bumbar Mining, disse que os recursos foram identificados no âmbito do Plano Nacional de Geologia (PLANAGEO), reconfirmando levantamentos já feitos durante a época colonial.

Entre outros recursos, existem em Angola diamante, zircão, quartzo, turmalina, metais ferrosos e não ferrosos, ouro, prata, platina e cobre.

Os minerais críticos são assim classificados em função da sua localização geológica restrita, alta relevância para a indústria e riscos de abastecimento, sendo alguns deles considerados essenciais na transição energética.

A aposta de Angola nestes recursos é “ainda incipiente” se se olhar para a gama de minerais confirmados pelo estudo”, adiantou Buta Neto, observando que o sector mineiro é uma aposta de risco, já que somente 10% dos projectos em prospecção podem chegar a mina.

Angola já iniciou a produção de ouro e manganês, e espera em breve começar a produzir terras raras, titânio e lítio que “estão numa fase avançada de prospecção”.

Nos próximos dois anos, espera-se que tenha início a produção do neodímio e praseodímio, usados no fabrico de baterias para carros eléctricos, bem como cobre e nióbio.

“Significa que Angola, nos próximos cinco anos, poderá dar um salto grande em termos de mineração”, referiu o dirigente.

Por outro lado, salientou que a reestruturação do sector mineiro ao longo dos últimos cinco anos veio dar maior confiança aos investidores, o que aproximou os grandes ‘players’ da mineração de Angola.

“Com este passo outras empresas poderão vir, uma vez que ganham esta confiança”, reforçou.

Neste momento, além de grandes empresas como a Rio Tinto e a DeBeers, que regressou a Angola este ano, começam a aparecer empresas “juniores” que estão a explorar, por exemplo, terras raras e fosfatos.

André Buta Neto defendeu também uma maior aproximação do sector financeiro à indústria da mineração, que é ainda dominada pelos diamantes, que representam 3% do Produto Interno Bruto (PIB) de Angola.

“Temos de ter uma maior divulgação das facilidades dentro do sector mineiro, que antes não existiam. A banca funciona com investimento e com retorno e quando não há segurança no retorno, ninguém aceita pôr o dinheiro sem garantia de que vai recuperar o seu investimento e esta tem sido a actuação da banca”, salientou.

Acredita, no entanto, que a “banca começa a visualizar que, de facto, vale a pena investir no sector mineiro”, considerando que encontros deste género ajudam a aproximar os dois sectores.

Afirmou ainda que se abre agora a possibilidade de a banca fazer parte do título de exploração mineiro, permitindo que o título mineiro seja utilizado como garantia, o que vai também obrigar a banca a desenvolver uma área que responda pelo sector mineiro.

*Com Lusa, 28/07/2022