A Galp assinou um acordo com a Somoil, Sociedade Petrolífera Angolana para a venda dos activos de exploração petrolífera em Angola por cerca de 830 milhões de dólares (pouco menos de 800 milhões de euros), líquido de impostos sobre mais-valias, sendo 655 milhões para serem recebidos quando a operação estiver concluída e 175 milhões de pagamentos contingentes em 2024 e 2025, dependentes do preço do petróleo, anunciou a empresa portuguesa.
A companhia lusa espera concluir a operação na segunda metade de 2023.
A empresa lusa acrescenta que os activos incluídos na transacção são no bloco 14 (9% Galp): Tombua; Landana; BBLT – Benguela, Belize, Lobito, Tomboco; Kuito; No bloco 14K (4,5% Galp): Lianzi; No bloco 32 (5% Galp): Kaombo (em operação); CNE (em desenvolvimento). Fontes contactadas pelo Luanda Post, avançam que a Somoil não tem fundos próprios para pagar a Galp e não se consegue financiar no exterior por ser uma empresa de figuras politicamente expostas. “Temos que admitir que internamente não há bancos com esta capacidade”, sustenta.
Especialistas acreditam que a operação será financiada pelos accionistas que terão de fazer um reforço de capital. “Acontece que o dinheiro dos accionistas foi todo desviado da Sonangol”, suspeitam.
O site francês África Intelligence, avançou recentemente, que Manuel Vicente, ex-vice-presidente da República e ex-PCa da estatal Sonangol, o seu antecessor Joaquim David e o ex-ministro dos Petróleos Desidério da Costa todos eles sócios da SOMOIL, decidiram elevar a referida empresa a um outro patamar ao comprar os blocos emblemáticos do início dos anos 2000 na Bacia do Congo.
Além dos activos da GALP ora anunciados, a Somoil comprou recentemente as participações nos blocos 14 (20%) e 14T (10%) operados pela Chevron, pertencentes à japonesa Inpex e à gigante francesa TotalEnergies e adquiriu também a Thai participação de 2,5% da firma PTTEP no bloco 17/06 operado pela TotalEnergies.
Estas três transacções seguem-se à aquisição conjunta com a Sonangol P&P das participações nos blocos 18 (8,28%), 31 (10%) e 27 (25%) no início deste ano por 355 milhões de dólares.
Embora grande parte do dinheiro necessário para fazer essas aquisições tenha vindo de empréstimos, avança a fonte, grande parte é de investidores estrangeiros, graças à Lei de Repatriamento de Recursos Financeiros de 26 de junho de 2018.
A mesma permitia que quaisquer fundos desviados durante a presidência de José Eduardo dos Santos fossem repatriados num prazo de seis meses, sem penalizações.
Por força dessa lei, João Lourenço, que assumiu o poder em agosto de 2017, permitiu que os chamados “Marimbondos” injectassem bilhões de dólares na economia local sem qualquer problema com a justiça. Isso permitiu à Somoil expandir rapidamente o seu portfólio de licenças, e este ano espera atingir uma produção de 23.000 bpd.
A Somoil S.A, é uma petrolífera privada fundada por veteranos do sector dos petróleos em Angola, e antigos colaboradores do então Presidente José Eduardo dos Santos tais como Manuel Domingos Vicente, Desidério da Graça Veríssimo e Costa, José Carlos de Castro Paiva, Syanga Samuel Abílio, Joaquim David, Aníbal Octávio Teixeira da Silva, Albina Assis Africano, entre outros.
Luanda Post, 16/02/2023