708 Milhões de Mulheres Fora do Mercado de Trabalho Devido a Cuidados Não Remunerados, Afirma OIT

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Um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), publicado em 29 de outubro, revela que 708 milhões de mulheres em todo o mundo estão excluídas da força de trabalho devido às responsabilidades com a prestação de cuidados não remunerados. Este número faz parte das novas estimativas globais que destacam a desigualdade de gênero na participação econômica e foram divulgadas no contexto do Dia Internacional dos Cuidados e Apoio Social.

Segundo o relatório intitulado The impact of care responsibilities on women’s labour force participation, em 2023, cerca de 748 milhões de pessoas com 15 anos ou mais não podiam trabalhar por terem de cuidar de outras pessoas, das quais 95% eram mulheres. A análise abrangeu dados de 125 países e apontou que as mulheres assumem uma parte desproporcional da responsabilidade pelos cuidados, incluindo educação infantil, apoio a pessoas com deficiência e tarefas domésticas, em comparação com apenas 40 milhões de homens.

Desigualdades Regionais e Desafios Estruturais

A disparidade é particularmente significativa em regiões como o Norte de África e Estados Árabes, onde 63% e 59% das mulheres, respectivamente, estão fora da força de trabalho devido a responsabilidades de cuidado. Em contrapartida, regiões como a Europa Oriental apresentam taxas mais baixas, com 11% das mulheres citando os cuidados como obstáculo ao emprego.

Sukti Dasgupta, diretora do Departamento de Condições de Trabalho e Igualdade da OIT, observou que as barreiras incluem baixos níveis educacionais, infraestrutura inadequada e normas sociais restritivas. “A forma como os cuidados estão atualmente organizados perpetua desigualdades de gênero que precisamos enfrentar”, afirmou Dasgupta.

A Resolução e o Futuro da Economia dos Cuidados

Em resposta a essas desigualdades, a OIT aprovou uma resolução histórica sobre Trabalho Digno e Economia dos Cuidados em junho de 2024, na Conferência Internacional do Trabalho. O documento propõe medidas para melhorar a participação e as condições das mulheres na economia formal, destacando que uma economia de cuidados bem estruturada não só beneficia indivíduos e famílias, mas também impulsiona o emprego e a produtividade.

Gilbert F. Houngbo, diretor-geral da OIT, enfatizou que “as políticas devem eliminar barreiras que impedem a entrada e progressão das mulheres no mercado de trabalho remunerado e melhorar as condições para todos que atuam na prestação de cuidados.”

Os dados reforçam a necessidade de um investimento robusto em políticas que facilitem a transição de milhões de mulheres para a força de trabalho, promovendo equidade e justiça social em um contexto de mudanças demográficas e climáticas crescentes.

11/04/2024