As contas da TAAG – Linhas Aéreas de Angola foram aprovadas com reservas pelo auditor independente, a gigante holandesa KPMG, que aponta “existência de divergências significativas entre as quantidades apresentadas nas rubricas de existências e aquelas inventariadas fisicamente”.
O relatório de auditoria da KPMG destaca, entre as inconformidades, a falta de detalhes sobre um montante superior a 19 mil milhões de kwanzas relacionado com “existências em trânsito”.
Existências em trânsito é um termo contabilístico que se refere a bens ou produtos que uma empresa já comprou e pelos quais é responsável, mas que ainda não chegaram fisicamente ao seu armazém ou local de operação.
No caso da TAAG, essas “existências em trânsito” seriam, por exemplo, peças de reposição para aeronaves que foram compradas de fornecedores estrangeiros e estão a caminho por navio ou outro avião; equipamentos ou outros materiais essenciais que estão a ser transportados de um país para o outro.
No entanto, o grande problema, de acordo com a análise do auditor independente, não está na existência desses bens, mas na falta de detalhes e rastreio sobre eles.
Os especialistas da KPMG defendem que, “quando um valor tão alto (mais de 19 mil milhões de kwanzas), movimentado por uma grande empresa, não está bem documentado, isso pode indicar sérios problemas de gestão ou até mesmo a possibilidade de fraude, pois não há como garantir que os bens de facto existam e chegarão ao seu destino”.
O auditor independente chama também a atenção para os capitais próprios negativos e resultados líquidos negativos da companhia, cujo passivo corrente excede o activo corrente em 181 mil milhões de kwanzas.
“Estes acontecimentos ou condições (…) indicam que existe uma incerteza material que pode colocar dúvidas significativas sobre a capacidade da entidade se manter em continuidade”, realça o auditor no relatório.
Isto é Notícia, 22/09/2025